Canal que transmite Telesul na Colômbia é “boicotado”

A Comissão Nacional de Televisão (CNTV) da Colômbia, responsável pela operação das TVs nacionais no país, manteve, na semana passada, a decisão de interditar o acesso do sinal da Telecapital de Bogotá ao seu satélite, o que inviabiliza a transmissão da programação do canal em nível nacional. Ligada à administração do prefeito socialista de Bogotá, Luis Eduardo Garzon, a Telecapital está retransmitindo o sinal da Telesul, tevê idealizada pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, como contraponto à mídia norte-americana na América Latina.
Na última segunda-feira (1º), uma matéria da agência France Presse (AFP) afirmou que houve um bloqueio intencional do acesso da Telecapital ao satélite em função de questões políticas relacionadas à Telesul. Um dos motivos para este bloqueio, segundo a imprensa colombiana, teria sido a visita ao país, no último dia 28, do subsecretário de Estado para Assuntos Políticos dos EUA, Nicholas Burns. Nessa ocasião, Burns teria afirmado que, ao mostrar imagens de um líder do grupo guerrilheiro Farc, a Telesul teria feito uma provocação e teria dado “uma vitrine a terroristas”.
Outro fator que levou a suspeitas de um “bloqueio político” da Telecapital, segundo a AFP, seria o fato de que, enquanto continuaria negando o seu pedido, a CNTV subiu ao satélite, em junho, o sinal de outra pequena televisão, um precário canal de Santander (a Televisión Regional de Oriente – TRO), que fez a solicitação do satélite à mesma época da Telecapital. Segundo auditoria da própria CNTV, a TRO teria “uma estrutura organizativa insuficiente e inadequada” e “não conta com os profissionais para atender as áreas de produção, emissão e transmissão e tem uma grade construída de forma acidental”.
Nesta quarta (3), a CNTV publicou em sua página na internet uma nota negando as acusações e afirmando que os motivos para a não liberação do sinal da Telecapital são de ordem técnica e burocrática, e que não se trata de um “bloqueio político”. “A Junta Diretiva da CNTV aprovou no último dia 28 o projeto apresentado pela Telecapital. Assim que for implementado, subirá seu sinal ao satélite, arcando com os custos de 138 milhões de pesos colombianos [o equivalente a R$ 140 mil]. A CNTV rechaça as conjecturas distantes da verdade e reitera que ‘somos respeitosos da autonomia dos canais regionais em sua programação e pluralismo informativo”.

Colômbia tem direito

Se foi ou não uma decisão política, se a CNTV boicotou ou não a Telecapital em função da Telesul, o fato é que o governo colombiano tem o direito de decidir se quer ou não a transmissão da Telesul no país, afirmou nesta terça (2), segundo a agência Deutche Press Agentur (DPA), o presidente do canal na Venezuela, Andrés Izarra.
“É uma decisão soberana da Colômbia. Qualquer medida que o Estado colombiano considere contra de Telesul é soberana. No entanto, o sinal da Telesul está sendo distribuído [no país] por outros sistemas fechados de televisão, como a Telecaribe e a Telepacífico”, disse Izarra à DPA.
Sobre a transmissão da imagem do guerrilheiro das Farc, Manuel Marulanda Vélez, a Telesul afirmou que cobrirá normalmente fatos políticos, e que os canais privados da Colômbia apresentam diariamente imagens dos rebeldes sem ser acusados de promover o terrorismo.

Brasil

Enquanto isso, no Brasil a Central Única dos Trabalhadores (CUT) fechou, segunda-feira (1o), um acordo de parceria com a Telesul para troca de conteúdo. De acordo com a página da CUT na internet, a central deve incentivar seus sindicatos e filiados a instalar antenas para a recepção da Telesul, fornecendo à TV, por sua vez, um vasto acervo de material audiovisual.
Segundo o representante da Telesul no país, Beto Almeida, ela será um importante canal de divulgação para um grande público das produções dos movimentos sociais. “Queremos ser mais que uma emissora. Através da rebelião das antenas é preciso, agora, estruturar uma ampla reprodução do sinal, que é absolutamente gratuito”, afirma. Via internet, a programação da Telesul pode ser acessada pelo endereço eletrônico www.tvcomunitariadf.com.br.

Fonte: Agência Carta Maior