Por Marcela Cornelli
Segundo informações da Confederação Nacional dos Bancários (CNB), a categoria participa hoje (24/9), às 15h, de uma audiência com o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, para denunciar a forma como os banqueiros estão desrespeitando o direito de greve. Em várias localidades os bancos vêm se utilizando do interdito proibitório e se utilizando de força policial contra os trabalhadores.
O interdito proibitório é um instrumento jurídico usado em casos de conflito pela terra. É uma ação particular em que o proprietário, temendo ser ameaçado na posse de um bem, pede ao juiz que o proteja da violência iminente.
“Isso não está certo. Os bancários em greve não tomam os prédios dos bancos nem ameaçam o patrimônio. Ao lançar mão desses interditos, os banqueiros desrespeitam o direito de greve e de livre organização dos trabalhadores, direitos estes garantidos pela Constituição brasileira”, afirmou Marcolino.
Na reforma sindical, o sindicato apresentou proposta para que os interditos proibitórios fossem considerados prática anti-sindical para coibir greves ou manifestações dos trabalhadores.
Em São Paulo, para driblar os piquetes nas portas dos bancos, os banqueiros chegaram ao requinte de alugar helicópteros para transportar “funcionários chaves” às sedes dos bancos. Segundo reportagem do Jornal da Globo, em somente um dia, um banco privado que não teve seu nome revelado, gastou R$ 50 mil nesta operação, dando uma prova cabal de quanto vale o trabalho dos bancários.
Representantes da Executiva Nacional da CUT já tinham participado anteontem de uma audiência com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Nelson Jobim, para denunciarem as perseguições e demissões de dirigentes sindicais em todo o país nos últimos anos.
“Entendemos que a solução do conflito deva se dar por intermédio de negociação. Esta prática utilizada pelos bancos para reprimir a greve é equivocada”, declarou o presidente da CNB/CUT, Vagner Freitas. Ele destacou que, apesar dos instrumentos jurídicos e da repressão feita pelos bancos, a greve se mantém forte em todo o país.
A audiência com Berzoini foi solicitada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e terá a participação do presidente da CNB/CUT, Vagner Freitas, além dos presidentes dos Sindicatos de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino e de Brasília, Jacy Afonso de Mello.
Berzoini também já presidiu o Sindicato dos Bancários de São Paulo, um dos maiores do país.
Apesar dos antecedentes sindicais, Berzoini já sinalizou que não pretende intervir nas campanhas salariais em andamento no país. Ele disse no começo da semana que o “governo acompanha, monitora [as greves], mas não tem o desejo de intervir”.
Solidariedade de classe
Ainda ontem, a Federação Única dos Petroleiros – FUP e seus Sindicatos filiados manifestaram apoio à greve dos bancários. Em nota da entidade, os petroleiros afirmam que “É inadmissível que o setor que vem obtendo, ao longo da última década, um dos mais altos índices de lucratividade da economia mundial; que oferece à população um atendimento desrespeitoso, com filas imensas e horário de atendimento reduzido; além de cobrar extorsivas tarifas e taxas de juros dos usuários, não atenda às justas reivindicações dos bancários, os verdadeiros construtores de seus incalculáveis patrimônios!”
“A legítima mobilização dos trabalhadores é o único caminho para barrar a intransigência daqueles que não desejam contribuir para a mudança que o País necessita!”, diz a nota, assinada por Antonio Carrar, coordenador da FUP.
Os petroleiros também se encontram em data-base e afirmam na nota que já estão “organizados e mobilizados para exigir o atendimento de nossa pauta de reivindicações.”
Fonte: Portal Vermelho, com informações da CNB/CUT