Por Marcela Cornelli
Dezenas de organizações argentinas que se opõem à proposta de criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) estão preparando três jornadas de protesto esta semana contra o projeto de livre comércio defendido pelo governo dos Estados Unidos e em favor do não-pagamento da dívida externa. O tema da dívida enfrenta uma semana decisiva na Argentina. O governo argentino deve definir nos próximos dias se paga ou não uma parcela atrasada de US$ 3,1 bilhões ao Fundo Monetário Internacional.
As manifestações estão programadas para estas terça e quarta-feiras, durante o encontro que reunirá representantes do Mercosul, da Comunidade Andina, dos EUA, Canadá, México e Costa Rica, e que tem como objetivo tentar acertar uma proposta para a próxima reunião de cúpula sobre a Alca, marcada para os dias 18 e 19 de março, em Puebla, México.
Em um comunicado divulgado sexta-feira em Buenos Aires, as organizações que integram a frente “Não à Alca” convocaram a população argentina a participar das três “Jornadas populares contra a Alca e o pagamento de uma dívida ilegítima e injusta”. O texto afirma que a reunião que ocorre esta semana em Buenos Aires procura alcançar consensos entre um grupo seleto de países para permitir que, na próxima reunião de cúpula, não se repita o impasse verificado no último encontro em Puebla. Além disso, adverte que não é casual que o governo dos EUA envie um representante à reunião de Buenos Aires para pressionar em favor da Alca no mesmo dia em que vence o prazo para o pagamento da parcela de US$ 3,1 bilhões ao FMI. O comunicado sustenta que “a dívida externa ilegítima e injusta, junto com as exigências do FMI, Banco Mundial e países credores, são as ferramentas principais de extorsão utilizadas por Washington”.
As organizações que preparam as jornadas de protesto consideram que o governo dos EUA pretende dobrar a resistência que vem sendo apresentada por alguns países latino-americanos (em especial a Argentina), “impondo-lhes novas políticas de ajuste, privatização, livre-comércio e militarização, que criminalizam e reprimem os movimentos sociais, destroem a soberania e concentram cada vez mais a riqueza”. O comunicado ressalta ainda o crescimento da luta continental contra a Alca e sua importância para “retirar as negociações do silêncio e anonimato em que o governo dos EUA e seus aliados querem mantê-las”. Durante as jornadas de protesto serão realizadas sessões de divulgação e esclarecimento em parques e praças públicas, além de reuniões entre membros da Campanha Continental de Luta contra a Alca e funcionários de vários países que participam das negociações sobre o tema. Também estão previstos atos de protesto na frente da sede do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, na Praça de Maio e uma reunião com parlamentares argentinos no Congresso Nacional.
Fonte: Agência Carta Maior