O número de desempregados no mundo ficou em seu mais alto nível histórico em 2006: 195,2 milhões de pessoas, apesar do crescimento sustentado em todo o globo, lamentou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em um relatório publicado na quarta-feira. O número de pessoas de mais de 15 anos que trabalham ficou em 2,9 bilhões no ano passado, um patamar também recorde, embora o índice de desemprego mundial tenha se mantido praticamente estável, a 6,3%, segundo o relatório anual da OIT sobre as “tendências mundiais do emprego”.
Os trabalhadores pobres se beneficiaram muito pouco do crescimento: os 1,37 milhão de empregados extremamente pobres sobreviveram com dois dólares por dia cada.
“Dez anos de forte crescimento tiveram apenas um ligeiro impacto -e somente em alguns poucos países – sobre o número de trabalhadores que vivem com suas famílias na miséria. Além disso, o crescimento também não reduziu o desemprego”, lamentou o diretor-geral da OIT, Juan Somavia.
“Na última década, o crescimento se traduziu mais em ganhos e produtividade do que em crescimento do emprego: a produtividade mundial aumentou 26%, mas o número de empregos no mundo cresceu apenas 16,6%”, constata o documento.
“Já é hora de os governos e a comunidade internacional garantirem que a situação econômica favorável na maioria das regiões do mundo se traduza no aumento dos empregos”, adverte a OIT.
“O desemprego atinge mais duramente os jovens: 86,3 milhões de jovens de 18 a 24 anos estão desempregados”, o que representa “44% dos desempregados no mundo”, constata a OIT.
Além disso, “a diferença entre homens e mulheres com relação ao emprego persiste: em 2006, apenas 48,9% das mulheres de mais de 15 anos tinham um emprego, contra 49,6% em 1996”.
“Entre a população masculina, esta proporção chegou a 75,7% em 1996 e caiu um pouco, para 74%, em 2006”, destaca o relatório.
Pela primeira vez, o setor de serviços supera o agrícola como primeiro empregador no mundo. O setor terciário emprega atualmente 40% dos trabalhadores, contra 38,7% do setor agrícola. A indústria representa 21,3% do emprego no mundo.
A queda mais acentuada do desemprego ocorreu nas economias mais industrializadas, especialmente a União Européia (6,2% no fim de 2006, após uma queda de 0,6% desde 2005).
Na Ásia do Leste o índice de desemprego é o mais baixo (3,6%), mas em contrapartida é no Oriente Médio e o Norte da África (12,2% no fim 2006) onde o desemprego atinge mais duramente.
A região da África subsaariana tem o segundo índice de desemprego mais alto do mundo (9,8%), e a maior proporção de trabalhadores pobres.
Segundo dados da OIT, entre 2001 e 2006, o número de trabalhadores que vivem abaixo do nível de pobreza, um dólar por dia por pessoa, caiu em todas as partes do mundo, exceto na África subsaariana (aumentou em 14 milhões de pessoas) e na América Latina, Caribe, Oriente Médio e África do Norte, onde se manteve praticamente estável.
Fonte: Último Segundo