Por Marcela Cornelli
As mobilizações brasileiras do dia internacional de protesto contra a guerra, convocado por uma coalizão de movimentos e organizações sociais do mundo todo para 20 de março (aniversário de um ano da invasão americana do Iraque), deve centrar fogo, entre outros, na Área de Livre Comércio das Américas (Alca), considerada pelos movimentos latino-americanos o principal projeto de expansão do imperialismo dos EUA na região.
A inclusão da Alca nas manifestações deste ano, que dão seqüência às ações do movimento global pela paz iniciado no dia 15 de fevereiro de 2003, quando mais de 20 milhões de pessoas protestaram no mundo todo contra a então ameaça americana de ocupação do Iraque, regionaliza, de certa forma, o debate sobre a estreita relação entre o chamado projeto de hegemonia imperialista e o militarismo dos EUA, que hoje pauta o movimento. Segundo os ativistas antiguerra, o recrudescimento das intervenções militares norte-americanas (ou apoiadas pelos EUA) nas últimas décadas, claramente focadas em regiões ricas em recursos estratégicos, como petróleo, biodiversidade e água doce, fazem parte do projeto de dominação dos mercados mundiais pelo capital americano e de garantia da posse dos recursos naturais para suas empresas.
Na avaliação dos movimentos sociais da América Latina, o intervencionismo militar dos EUA na região, como o Plano Colômbia, o fortalecimento e os esforços de expansão das bases militares norte-americanas e o apoio ao golpe contra o presidente Chávez, na Venezuela, por exemplo, têm uma relação estreita com a ofensiva econômica traduzida nas propostas para a Alca ou o Cafta (acordo de livre-comércio da América Central, em vias de concretização), enquanto preparação do terreno para a entrada do capital norte-americano e, novamente, o acesso aos recursos naturais da América Latina. “É por isso que, juntamente com a exigência de desocupação imediata do Afeganistão e do Iraque pelas tropas americana e o apoio ao povo palestino, massacrado econômica e militarmente por Israel, queremos levantar a bandeira da luta contra a Alca nas manifestações brasileiras do dia 20 de março, trazendo para mais perto da nossa realidade o debate sobre o projeto imperialista dos EUA”, explica o advogado Ricardo Gebrim, coordenador da Campanha contra a Alca em São Paulo.
Na capital paulista, a organização das atividades do dia 20 de março foi assumida pelo coletivo de movimentos sociais que compõem a Campanha contra a Alca, e deve ser apoiada pelos demais grupos antiguerra de São Paulo. Em reunião realizada em 18 de fevereiro, os movimentos decidiram promover protestos massivos na Av. Paulista a partir das 10h da manhã, faltando definir, ainda, os detalhes e demais “alvos” da mobilização.
Fonte: Agência Carta Maior