A crise no Brasil e em países da América Latina, as repercussões na vida dos trabalhadores e a movimentação em torno da abertura do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff deram o tom das palestras sobre conjuntura nacional e internacional na abertura do 9º Congrejufe, nesta quarta-feira, 27. O economista e professor Plínio de Arruda Sampaio Filho destacou em sua fala que o país vive um processo de reversão neocolonial que tem três características fundamentais: o aumento da segregação social, o aprofundamento da dependência e a terceirização irrestrita das relações de trabalho. Neste cenário, os trabalhadores precisam aprofundar sua organização para estar à altura deste momento histórico.
Para ele, é preciso que a esquerda rompa com as linhas binárias no atual embate político e, em relação aos partidos da ordem, tome posição independente, porque dentro do modelo liberal não há saída para a crise, sendo que esta possibilidade está nas ruas.
A economista e professora Marilane Oliveira Teixeira, integrante da coordenação nacional do Fórum Nacional de Combate à Terceirização, abriu sua palestra afirmando que, com a crise iniciada em 2008, cresceram no mundo o conservadorismo, a xenofobia e o sexismo. A solução apontada para enfrentar a crise implica jogar as consequências sobre os trabalhadores, com o aperto do ajuste fiscal. Neste quadro aparece o PLC 30, que passou na Câmara dos Deputados, está agora no Senado e prevê a terceirização sem limite nas atividades fim. Ela alertou para o fato de que projeto, se aprovado, irá afetar inicialmente categorias já precarizadas, mas com o tempo atingirá também as que historicamente conquistaram mais direitos: “O projeto vai criar trabalhadores de primeira e de segunda categoria”. Na avaliação da palestrante, cercar os senadores e combater o PLC 30 deve ser a principal pauta de luta dos sindicatos e centrais sindicais.
O membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Cacau Pereira, fez uma ampla análise da situação política brasileira, afirmando que ela tem raízes na crise de 2008, mas igualmente na de 2001 na América Latina, que vem de um processo de crise do sistema representativo enfrentado nos anos 90. No quadro histórico, Cacau disse que os trabalhadores vêm tendo que lutar contra os patrões e o governo, e neste sentido é necessário o diálogo com e dentro das instâncias sindicais para aprofundar esta relação e construir o enfrentamento necessário para garantir e ampliar direitos.
O secretario Adjunto de la Federación Judicial Argentina, José Luis Ronconi, falou sobre os ataques aos trabalhadores na presidência de Mauricio Macri, e, analisando a situação política brasileira, ressaltou que se trata de uma conjuntura muito dinâmica, e que, da mesma forma como se dá o embate contra os ataques aos trabalhadores no governo de Dilma Rousseff, não tem dúvidas de que os trabalhadores também irão às ruas para combater um eventual governo de Michel Temer.
Fonte: Fenajufe
Foto: Valcir Araújo