Entre os dias 14 e 17 de abril, Brasília será sede do Acampamento Nacional da Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra. Sem-terra, assentados, trabalhadores da agricultura familiar, povos tradicionais, grupos ambientalistas, quebradeiras de coco, comunidades ribeirinhas e agentes de pastorais sociais participam do acampamento em defesa da reforma agrária e da soberania territorial e alimentar.
O acampamento é uma retomada da campanha, lançada em 2001. Durante os quatro dias de manifestação, os cerca de três mil integrantes dos movimentos sociais esperados estarão reunidos no Autódromo Internacional Nelson Piquet.
Com místicas, painéis, atividades culturais, debates, plenárias, a programação do encontro discutirá a concentração de renda no Brasil e os problemas causados por ela ao meio ambiente e ao campo. No primeiro dia de encontro, a Conferência de abertura será a cerca da “Função Social da propriedade da terra”. No dia seguinte, pela manhã, haverá o Painel: “Propriedade e os conflitos no campo” e o lançamento do caderno “Conflitos no Campo Brasil 2007”, elaborado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Ainda no dia 15, pela tarde, serão realizados cinco painéis temáticos: Atualidade da reforma agrária, facilitado por Maria Emília; Políticas públicas e direitos sociais, com Flávio Tonelli e Guilherme Delgado; Soberania territorial, com José Augusto Laranjeira; Soberania alimentar, com Miriam Nobre; e Direitos: implicações jurídicas para efetivação da reforma agrária, com Jacques Alfonsin. Em seguida, haverá uma plenária para apresentar o resultado das discussões temáticas.
No terceiro dia, às 8h30 haverá uma Fala sobre a Reforma Agrária, seguida da definição das atividades locais da Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra. Pela tarde, será elaborado o documento final do encontro. No último dia do evento, será realizado um ato público em defesa da Reforma Agrária e da soberania territorial e alimentar.
O Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo quer, com a acampamento, “ampliar a discussão sobre o desenvolvimento sustentável e a democracia no acesso a terra e planejar novas ações da campanha em todo país”. No Brasil, a agricultura familiar é responsável por 80% da alimentação dos brasileiros. Os latifúndios ficam com o restante e, embora produzam menos para o povo do país, eles têm uma dívida com o governo federal de 77 bilhões de reais.
Em novembro de 2007, durante uma Plenária do Fórum, o jurista Jacques Alfonsim disse que com R$ 25 bilhões é possível realizar a reforma agrária no país, mas falta vontade política para fazê-la.
Nos últimos anos, o Brasil vem enfrentando o risco de estrangeirização de suas terras brasileiras, principalmente na fronteira. Esse capital internacional está levando a uma concentração ainda maior de terras, e o país já é o segundo, no mundo, em concentração de terras, atrás apenas do Paraguai.
Fonte: Adital