Por Washington Luiz Moura Lima, economista
Segundo a FAO – organismo da ONU para a agricultura e alimentação – seriam necessários 30 bilhões de dólares para garantir o direito à alimentação adequada de 923 milhões de pessoas que passam fome no mundo.
Entre 2006 e 2007 houve um aumento de 75 milhões de pessoas subnutridas, com a elevação dos preços dos alimentos. Em 2008 o aumento dos preços é superior a 40%.
Para o FMI, serão necessários cerca de 12 trilhões de dólares nas operações de salvamento dos bancos no mundo. Ou 400 vezes mais do que para acabar com a fome. Em um único dia o Banco Central Europeu injetou 500 bilhões de dólares no sistema financeiro.
Do começo do ano até meados de Outubro os prejuízos nas bolsas foram de 27 trilhões de dólares. Correspondentes a 900 vezes a estimativa da FAO. Só a Bovespa de SP perdeu 1 trilhão de reais até 09/10.
Como é possível que isso ocorra? Tanto dinheiro para a especulação, e nada para as necessidades mais elementares do povo.
A atual crise financeira, a maior das últimas décadas, mostra toda a dimensão decadente e bárbara do capitalismo.
O pior é que as medidas anunciadas para conter a crise só fazem agravá-las.
Ao invés de estatizar o sistema e oferecer crédito para desenvolver a economia, inclusive para eliminar com a fome e a miséria, os governos no mundo injetam dinheiro apenas para salvar os bancos.
Assim, no Brasil, cerca de R$ 100 bilhões estão sendo disponibilizados aos bancos, apenas com a diminuição dos depósitos compulsórios. E muitos bancos estão usando esse dinheiro para aplicar em títulos do governo, aproveitando-se também do aumento da taxa de juros.
Além disso, são anunciados cortes no orçamento de 2009 para aumentar o superávit primário e poder cobrir o rombo.
Ou seja, o dinheiro para salvar os bancos sairá do arrocho nos salários, diminuição dos serviços e investimentos públicos. O que gerará MAIS CRISE, pois a crise financeira é a “ponta do iceberg” de uma imensa crise econômica, só comparável com a de 1929.
Essa situação não começou hoje, há pelo menos um ano ela está em curso. Desde então as medidas são as mesmas, e a situação só se agrava.
Só uma outra política econômica que garanta dinheiro, não para os bancos, mas para os salários, para gerar empregos, garantir os serviços públicos e o fim da fome é que pode efetivamente acabar com a crise e salvar humanidade da miséria que os senhores do capital preparam no próximo período.