Por Janice Miranda
O Fórum Social Mundial deu um passo histórico ao transferir do Brasil para a Índia a sua sede deste ano.Mas muita coisa precisa melhorar, segundo declarações de participantes de diversos países que defenderam ainda — e alguns com muito entusiasmo — a proposta de levar a edição do FSM de 2006 para um país africano. Em Mumbai já ficou acertado que em 2005 o Fórum volta às origens: Porto Alegre, Brasil.
Em artigo distribuído ontem (21/1), a agência de notícias IPS reúne uma série de idéias de como o FSM pode saltar da posição de um espaço de discussão para se transformar em “um coordenador de campanhas entre todos os grupos civis do mundo”, conforme sugerido pelo francês Christophe Aguiton, representante da Attac (Ação pela Tributação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos), organização francesa e uma das idealizadoras do FSM.
Ele lembrou que o Fórum Econômico Mundial, que começa hoje em Davos, na Suíça, também é um espaço de discussão. A diferença é que ele conta com organizações como o FMI, Banco Mundial e com o Grupo dos Oito, que viabilizam a implementação de medidas concretas decididas no Fórum. Aguiton sugere que no caso das questões sociais, o FSM seja ele próprio essa ferramenta ou “o lugar onde podemos organizar nossas campanhas.”
A necessidade de que o Fórum precisa avançar posições também está no discurso do presidente da própria IPS. Roberto Sávio assinalou a importância de canalizar as idéias apresentadas no FSM “através de uma estrutura que as traduza em políticas e alternativas ao modelo neoliberal”.
O ativista israelense Michael Warchawski é outro que quer avanços:”precisamos melhorar ano a ano esse intercâmbio aberto e plural de opiniões e experiências entre pessoas de todos os continentes para entender melhor o mundo em que vivemos e começar a elaborar alternativas.” Ele sugere ainda que no futuro o FSM possa buscar formas de se articular com partidos políticos. Mas cauteloso, Aguiton assinalou a importância de o Fórum manter-se independente na tomada de decisões.
Segundo a agência IPS, a proposta de levar a edição de 2006 do Fórum Social Mundial para a África encontrou na ativista e escritora egípcia Nawal el Saadawi sua forte defensora. E recebeu aplausos em diferentes painéis e conferências durante todo o Fórum. “Eu lutarei por levar o Fórum para o Cairo — capital do Egito. Se outro país quiser receber o FSM, tudo bem. Mas tem de ser na África”, reiterou Saadawi, fundadora da Associação para a Solidariedade das Mulheres Árabes.
“Por que não na África?”, perguntou o sociólogo português Boaventura Sousa Santos em apoio à idéia. “A mundialização do FSM está começando aqui”, acrescentou Santos, um dos grandes defensores do Fórum e integrante do seu Conselho Internacional.
Fonte: Agência Brasil