Sou da era da máquina de escrever mecânica que virou elétrica depois eletrônica. Sou da era dos primeiros computadores de mesa, o que começou com o DOS, depois virou Fácil Windows e por aí afora. Sou da era dos processos físicos das anotações e controles manuais em etiquetas substituídos depois pelo SAP. Sou da era do PROVI que agora está virando PJe… Toda transformação, nova tecnologia, sempre foi aguardada com avidez e logo inserida no nosso cotidiano de forma pacífica e tranqüila, absorvida como mais uma importante conquista, uma nova ferramenta em nosso auxílio, melhorando e tornando mais eficazes as condições de trabalho, ainda que logicamente precedida dos naturais atropelos que todo e novo método de trabalho nos impinge. Agora vejo tudo isso simplesmente sendo jogado no lixo.
Foi-nos empurrado goela abaixo um sistema de nome pomposo que inverteu toda a lógica do mundo moderno, toda a lógica da agregação e incorporação de novos conhecimentos de novas tecnologias. Um sistema que, a todas as luzes, não foi precedido de sua fase laboratorial de ampla, segura e efetiva discussão com seus verdadeiros operadores dentro e fora do judiciário, aqueles que estão na base da pirâmide, potenciais beneficiários de sua implementação.
Nem vou me preocupar aqui em enumerar as não-funcionalidades, as inconsistências, erros primários elementares, verdadeiras aberrações do PJe, pois já são por demais conhecidas e mesmo porque seriam tantas e tantas nos maltratando física e psicologicamente que não haveria espaço neste artigo. Por que precisamos pagar um preço tão caro para sua implementação, por que precisamos passar por verdadeiras cobaias de laboratório?
É óbvio que um dia, dois ou três anos ou mais ou menos, o PJe estará redondo, funcionando como deveria funcionar desde o começo, ainda que com pequenas e naturais adaptações como sói acontecer com tudo que é novo.
O interessante é que quem sobreviver ouvirá das “autoridades” que bancaram o PJe no estado em que se encontra: “… tá vendo, e o pessoal lá de baixo ainda reclamava de um sistema tão eficiente perfeito como esse. Se a gente não segura as pontas, se a gente desse bola para as insurgências vindas da base, o PJe teria sido cancelado …”
Enalteço que não somente eu, mas a grande maioria dos meus colegas de trabalho, magistrados, advogados e demais jurisdicionados, absorvemos e passamos por todas as fases antes enunciadas sempre de forma tranqüila, sem maiores atropelos, diferentemente do que hoje presenciamos sob a égide do PJe.
Por derradeiro, uma pergunta que não quer calar: por que foi aprovado, implementado e instalado o PJe na forma tão açodada como foi?
Juvêncio Campestrini – 1ª VT de Joinville