No dia em que completou uma semana, a greve dos servidores do Judiciário Federal e do MPU do Distrito Federal foi às ruas da Capital Federal para cobrar da presidente Dilma resposta à pauta de reivindicação da categoria. Em um ato promovido pelo Sindjus-DF na tarde desta quarta-feira [08], grevistas de todos os órgãos do Judiciário e do Ministério Público, nas mais de duas de horas de manifestação, entoaram palavras de ordem como “Servidores na rua, Dilma a culpa é sua” e deram um recado à ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e a presidente Dilma Rousseff de que se as pautas de reivindicações dos servidores não forem atendidas, o país vai parar, com a entrada de mais servidores na greve. O Ato Unificado dos SPFs também ocorreu em Florianópolis.
O ato teve início no Bloco K do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão [MPOG], por volta das 16h. De cima do carro de som o coordenador do Sindjus-DF, Jailton Assis – um dos dirigentes sindicais que lideraram a manifestação, explicou os motivos pelos quais o Judiciário e o MPU estão em greve por tempo indeterminado. “Queremos a valorização dos servidores do Judiciário e Ministério Público da União. O governo tem que respeitar a autonomia dos poderes e não vamos aceitar mais um ano sem reajuste salarial. Estamos aqui, em mais um importante ato, para cobrar da ministra Miriam a negociação de nossa pauta. Somente com servidores públicos valorizados é que teremos uma boa prestação de serviços à população”, afirmou Jailton, durante o ato em frente ao MPOG.
Após as falas das lideranças sindicais na porta do MPOG, os servidores do Judiciário e do MPU saíram em passeata rumo ao Palácio do Planalto. Nesse momento, a caminhada, que estava em direção contrário ao fluxo de carros na pista do lado norte da Esplanada dos Ministérios [sentido Praça dos Três Poderes – Rodoviária] parou o trânsito. Todos os motoristas que saíram dos seus trabalhos naquele momento – por volta das 17h – viram a manifestação, liderada pelo Sindjus-DF. Durante o percurso da caminhada, os servidores gritavam “Oh, oh, o servidor parou, oh, oh, o servidor parou”, explicando para a população o porquê daquela manifestação.
Na altura do Ministério da Justiça, a marcha do Judiciário e do MPU se encontrou com os policiais federais, também em greve, que lá faziam uma manifestação, cobrando do ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, a abertura do diálogo em torno da pauta de reivindicações da PF, que incluem reestruturação salarial e da carreira dos agentes, escrivães e papiloscopistas, além de reposição salarial para os delegados. Nesse momento, o coordenador da Fenajufe e do Sindjus-DF Cledo Vieira saudou a manifestação dos servidores da PF e reforçou a importância da unidade dos trabalhadores para pressionar o governo a negociar. “A presidente tem que ouvir o nosso grito de alerta. Ou ela negocia com as categorias, ou o país vai parar, com todas as carreiras em conjunto na greve. Chamamos também os colegas da Polícia Federal para ir com a gente até o Palácio do Planalto, dar o nosso recado à presidente”, disse Cledo, na porta do Ministério da Justiça.
Polícia tenta impedir manifestação no Palácio, mas manifestantes não recuam e ato é garantido
Quando a marcha dos servidores do Judiciário Federal e do MPU chegou às proximidades do Palácio do Planalto, agentes da Polícia Militar tentaram impedir que os manifestantes se aproximassem da sede do Executivo. Dirigentes do Sindjus-DF tentaram negociar com representantes da corporação, mas ainda assim esses se mantiveram irredutíveis.
Os servidores, indignados com a proibição, no entanto, não recuaram e conseguiram furar o bloqueio chegando até a pista que dá acesso ao Palácio, onde fizeram o ato de encerramento. A Polícia reagiu e mais uma vez tentou dispersar a manifestação, jogando gás de pimenta em direção aos servidores, repetindo o que havia feito no ato dos servidores federais no dia 18 de julho, na porta do Ministério do Planejamento. Nem mesmo essa tentativa de agressão foi capaz de arrefecer os ânimos dos servidores, que levaram sua manifestação até o fim.
“Embora os jornais da grande imprensa tenham destacado esse incidente nas edições de hoje [09], o ato não perdeu o seu sucesso e conseguiu dar o recado à presidenta Dilma Rousseff. A manifestação de ontem dos servidores do DF em greve desde o dia 1º mostrou ao governo que o funcionalismo não vai aceitar calado a intransigência na falta de diálogo. Enquanto o Palácio do Planalto continuar com essa postura, a greve vai crescer em todo o país, o que pode ser comprovada com as novas adesões que só aumentam a cada dia. E esse foi o recado que demos ontem, no excelente ato que fizemos em Brasília”, explica Jean Loiola, coordenador da Fenajufe e do Sindjus-DF, se referindo também ao movimento das várias outras categorias do funcionalismo público federal.
Fátima Arantes, coordenadora da Fenajufe e do Sindjus-DF, também avaliou que a marcha cumpriu com o seu papel de mostrar ao governo e à população o poder de mobilização dos servidores. “Celebramos uma semana de greve com uma bela manifestação no Ministério do Planejamento e no Palácio do Planalto. Temos certeza que os chefes do governo federal ouviram o nosso recado, de que não recuaremos da nossa greve enquanto não obtivermos resposta sobre a nossa pauta de reivindicações. Da nossa parte, vamos continuar firmes na mobilização para que a greve cresça nos próximos dias aqui no Distrito Federal”, pontuou Fátima.
Servidores das carreiras típicas de estado também protestam por reajuste
Pouco antes de iniciar o ato do Sindjus-DF, na porta do Ministério do Planejamento, servidores das carreiras típicas de estado, também em greve por tempo indeterminado, manifestavam por revisão salarial.
O dirigente do Fórum Permanente de Carreiras Típicas de Estado [Fonacate], Pedro Delarue, deu o recado dos servidores de sua categoria que participavam do ato. “O governo está de parabéns por unir tantos servidores em um só movimento. Nunca se viu uma greve tão forte no país, forjada pela incompetência do governo em negociar com as entidades dos servidores. Miriam, vocês estão equivocados na política e nós não vamos recuar”, disse o dirigente do Fonacate, dando um recado à ministra do Planejamento.
Ao final do ato no MPOG, os servidores das carreiras típicas de estado também se juntaram aos servidores do Judiciário Federal e seguiram em marcha até o Palácio do Planalto.