Na última assembléia aprovamos parar de trabalhar quarta-feira, durante todo o dia, para junto com os demais servidores federais arrancarmos um reajuste para nossos salários.
Não importa que nome tenha o reajuste, se é PCS, PL não sei o quê, ou qualquer expressão técnica burocrática. Importa que estamos há seis anos sem nenhum tipo de reajuste e mesmo que conquistemos alguma coisa agora, já será menos do que nos devem porque demoramos demais para brigar com força.
Não sei se a paralisação na quarta vai ser forte ou fraca, se muita gente vai fingir que não sabia ou que não tem nada a ver com isso, se vão estar preocupados com a quantidade de trabalho que tem para fazer, com a FC que depende do humor do diretor ou juiz.
Vou parar, porque só quando mostramos disposição de contrariar a ordem estabelecida, os de cima se mexem para nos “acalmar”. E a ordem estabelecida há muito tempo neste judiciário é trabalhar, trabalhar, trabalhar e não reclamar nem mesmo quando ficamos doentes de tanto trabalhar. Afinal para que servem os dorflex e os anti-depressivos.
Querem que eu trabalhe sem reclamar, pois, quarta-feira, vou parar de trabalhar e vou reclamar bastante. E a falta do meu trabalho será sentida pois faz tempo que o trabalho aumenta sem parar mas o número de servidores permanece igual. Dizem que não precisamos de mais servidores, só de computadores e processos virtuais, como se as máquinas funcionassem sozinhas. Quarta vamos ver o que meu computador faz sozinho sem minhas mãos, meu cérebro, meus músculos e ossos.
Mas não vou estar sozinho, contrariando a ordem insana e insalubre que me faz chegar às vésperas da aposentadoria com problemas na coluna, nos músculos, irritado e com minha capacidade criadora reduzida.
Cada dia mais servidores federais entram em greve. A polícia federal entrou ontem. Outros já estão parados: Anvisa, Receita Federal em operação padrão, Universidades, Escolas Técnicas, Previdência, IBGE e outros que não lembro agora.
Amanhã minha mesa estará vazia durante todo o dia e meu computador desligado. Espero encontrar lá embaixo, na rampa do TRT, todos os meus colegas, de cabeça erguida e com a sensação de liberdade que só uma atitude de rebeldia pode dar. O máximo que podem fazer é cortar um dia de salário. Mas é um preço baixo diante das perdas que um ano a mais sem aumento pode me trazer.
Caio Teixeira, servidor do TRT-SC