Com faixas e apitos e muita disposição, servidores do Judiciário Federal de vários estados aproveitaram a solenidade de posse do novo presidente do Supremo Tribunal Federal [STF], ministro Ayres Brito, realizada na tarde desta quinta-feira [19], e promoveram um protesto na porta do STF, em Brasília. Na manifestação, eles demonstraram a insatisfação dos mais de 120 mil servidores de todo o país com a atuação tímida do ministro Cezar Peluso, como chefe do Supremo, em não garantir a autonomia do Judiciário e também em não negociar, efetivamente, com o Palácio do Planalto a votação do PL 6613/09, que revisa o PCS. O ato foi para dar um “adeus” ao ministro, que durante os seus dois anos à frente do órgão pouco fez para que a tramitação do PCS avançasse.
Os manifestantes se concentraram, por volta das 15h, próximo à entrada do portão que dava acesso ao STF, por onde passavam todos os carros que levavam as autoridades à solenidade de posse. Várias palavras de ordem, como “PCS já, ou Judiciário vai parar” e “Judiciário, eu quero ver, autonomia e independência acontecer”, deram o tom da manifestação. Enquanto durou o ato, por cerca de duas horas, os convidados para posse puderam ver o protesto dos servidores. “A manifestação cumpriu o objetivo de levar o recado da categoria para dentro do STF. Também marcou a nossa crítica a essa gestão que está saindo hoje e a reivindicação para que a nova assuma o compromisso com a categoria e enfrente o governo para negociar o nosso PCS. Esperamos, portanto, que essa mudança represente, também uma mudança de postura do STF em relação ao nossa revisão salarial”, disse Zé Oliveira, coordenador geral da Fenajufe, aos servidores que participavam da manifestação.
Para Jacqueline Albuquerque, coordenadora da Federação, a manifestação foi bastante importante, porque demonstrou a insatisfação dos servidores com a inoperância do Poder Judiciário, que não se impôs junto ao governo federal para fechar um acordo e votar o Plano. “A nossa expectativa é que com a posse do ministro Ayres Brito aconteça, de fato, uma verdadeira negociação, entre o Judiciário, o Executivo e a Fenajufe”, finalizou Jacqueline.
Reforçar a luta em nível nacional
Ana Luiza Figueiredo, coordenadora da Fenajufe, também avalia que a atividade na porta do STF cumpriu um papel importante na luta da categoria pela revisão salarial. Ela acredita, no entanto, que as mobilizações em nível nacional precisam crescer para que os servidores consigam barrar os projetos que retiram direito dos trabalhadores e conquistem a revisão salarial. “Servidores de todo o país vieram dar o seu recado ao novo presidente do STF, de que não aceitarão o congelamento salarial, imposto pelo governo Dilma e que contou com a conivência do Judiciário e do ministro Peluso. A atividade cumpriu com esse objetivo, mas a nossa mobilização precisa crescer ainda mais para garantirmos as nossas reivindicações”, afirmou Ana Luiza, reforçando a importância de a categoria participar de todas as manifestações chamadas pela Fenajufe.
Para o coordenador Evilásio Dantas, de plantão essa semana em Brasília, o ato “Adeus Peluso” foi bastante positivo, porque conseguiu mostrar às autoridades, à população que passava por lá e à imprensa o descontentamento da categoria com a omissão do ministro Cezar Peluso em relação à independência do Judiciário e, pontualmente, a falta de compromisso com o PCS dos servidores. “Convocamos todos os sindicatos e servidores a fortalecer a luta, no momento em que o presidente da CFT falou, na última sessão, que vai pedir reunião com o novo presidente do STF, ministro Ayres Brito, para tentar aprovar, talvez na próxima semana, o PL 6613/09. Isso dependerá muito das mobilizações nos estados”, ressaltou.
Na mesma linha dos colegas Ramiro López, coordenador geral, avalia que o ato foi bom por mostrar a disposição dos servidores em retomar a luta para pressionar os poderes a negociar o PCS. “Este ato deve ser visto como a retomada do processo de mobilização da categoria, em nível nacional. No entanto, precisamos de um maior esforço de todos para que a campanha seja forte o suficiente e capaz de aprovar o nosso Plano”, enfatiza Ramiro.