Por Marcela Cornelli
A organização humanitária argentina Mães da Praça de Maio, presidida por Hebe de Bonafini, começou anteontem a 23ª Marcha da Resistência, sob o lema “Pela unidade latino-americana e o não-pagamento da dívida externa”. A marcha cobriu o perímetro da praça e terminou ontem à tarde com um ato que contou com a participação de representantes do brasileiro Movimento dos Sem-Terra (MST), do ex-candidato a presidente da Bolívia pelo Movimento ao Socialismo Evo Morales e do dirigente sindical uruguaio Hugo Mello, entre outros.
“Queremos uma marcha alegre, uma festa da resistência. Costuma-se relacionar a luta com sofrimento e isso é um erro. Para lutar, é preciso ter alegria; precisa ter coisas festivas e barulhentas”, disse a associação em um comunicado. As mulheres, com seus tradicionais lenços brancos na cabeça, no qual estão bordados os nomes de seus filhos desaparecidos, começaram a caminhar às 18h (19h de Brasília) ao redor da histórica Praça, como faziam todas as semanas em plena ditadura. A Pirâmide de Maio foi coberta com fotografias de milhares de vítimas.
Na semana passada, também houve uma Marcha da Resistência liderada pelas Mães da Praça de Maio/Linha Fundadora e outras organizações defensoras dos direitos humanos. O 10 de dezembro, reúne fatos e datas importantes. É quando se comemora a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada em 1948, e quando foi seqüestrada a fundadora das Mães de Maio, Azucena Villaflor, dois dias depois de ter acontecido o mesmo com Mary Ponce e Esther Ballestrino. Além disso, ontem se completam duas décadas do fim da ditadura na Argentina (1976/83) e o início da democracia, com o primeiro governo constitucional liderado pelo presidente Raúl Alfonsín.
Fonte: Portal Vermelho