A suspensão da Greve no primeiro semestre não foi o fim da luta nem significa que jogamos a toalha. Com os recessos do Congresso e do Judiciário em Brasília, ganhamos tempo para recompor as forças e enfrentar os ataques ao Direito de Greve orquestrados pelos setores mais conservadores do Judiciário no país. Toda a luta desgastante que empreendemos com uma longa Greve fez avançar nossa reivindicação, com a aprovação do projeto do PCS na Comissão do Trabalho, e, principalmente, com a inclusão do nosso reajuste na pauta do governo, do Legislativo e do Judiciário.
Precisamos agora dar o golpe final e fechar um acordo. Para isso precisamos aproveitar as eleições como um fator a nosso favor, comprometendo os candidatos ao parlamento com a nossa luta e denunciando os que se esquivarem. O voto ainda é uma grande arma na mão dos trabalhadores e seu momento de maior valor é o presente. No modelo discutível de democracia representativa que temos no país, a eleição, de dois em dois anos, é o único momento em que o povo exerce de fato seu poder, por um instante, quando aperta o botão da urna. Precisamos focar nossa mira nos candidatos que ainda são parlamentares e podem votar nos esforços concentrados que ocorrerão antes das eleições. Eles podem exercer sua influência tanto no Legislativo quanto sobre governo.
Mas, para isto, precisamos ser vistos e mostrar que estamos vivos. Esta é a importância das mobilizações que faremos nos próximos meses. Há pouco tempo antes da eleição e não podemos desperdiçá-lo. A mobilização da próxima quarta-feira se insere neste contexto e não pode ser desprezada por todos nós que fizemos a Greve ou a apoiamos de alguma forma, sob pena de desperdiçarmos tudo o que fizemos no movimento.
A força das manifestações no dia 4 também é fundamental para a defesa do Direito de Greve junto ao TRT, onde é concreta a possibilidade de reverter o corte de salários e a perversa compensação hora por hora imposta pela Administração. O Tribunal Pleno vai apreciar logo nosso recurso contra a decisão do Presidente e pode mudar os termos injustos e injustificados das condições impostas. Para isto, é preciso deixar bem claro aos demais juízes nossa insatisfação, ou pensarão que estamos satisfeitos com a situação.
Este é o papel da mobilização de quarta-feira. Precisamos mais uma vez de todos, grevistas ou não, como fizemos em tantos momentos de unidade durante a Greve. Todos lá embaixo de novo pelas mesmas causas: reajuste e defesa do Direito de Greve, pois ele é a garantia de todas as conquistas.