ONU faz alerta no Dia Mundial da Luta contra a Aids

Por Marcela Cornelli

As Nações Unidas fizeram um chamamento, por ocasião do Dia Mundial da Luta contra a Aids, para deter “a marcha letal” da pandemia e eliminar as barreiras de discriminação e silêncio que costumam acompanhar a doença. A aids se tornou uma das maiores preocupações da Organização, que hoje lembra o dia internacional com atividades no mundo todo, entre elas uma cerimônia na catedral de Saint John the Divine de Nova York com o lema “Viva e deixe viver”.
O evento, no qual haverá música, apresentações e testemunhos de pessoas com HIV (Vírus de Imunodeficiência Humana), faz parte do esforço da comunidade internacional para combater o estigma ligado à doença. Em mensagem divulgada na véspera do dia internacional, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, destacou os poucos avanços obtidos para reduzir o impacto da doença. “Assumimos o compromisso” e os recursos aumentam, “mas a ação ainda não está à altura do que é necessário”, declarou.

Objetivos não cumpridos

Annan reconheceu que os governos adotaram estratégias nacionais e atribuíram recursos, as empresas adotaram normas relativas à doença nos locais de trabalho, e os grupos comunitários e religiosos colaboram para organizar uma ação adequada. No entanto, a pandemia continua avançando em todo o mundo, afirmou o diplomata. No ano passado, dez pessoas eram infectadas por minuto com o vírus, que se estende em um “ritmo alarmante” entre as mulheres, que representam a metade das pessoas infectadas no mundo todo.

Em 2000, os países membros da ONU se comprometeram a reduzir pela metade a taxa de infecção das crianças pequenas, diminuir em um quarto o número de jovens infectados nos países mais atingidos e contar com programas globais de atendimento, até 2005. “No ritmo atual não cumpriremos nenhum desses objetivos”, disse o secretário-geral, que considera evidente que são necessários mais recursos e ações, e que não é possível relegar este problema devido a outros desafios.

Ênfase nos desafios

De acordo com Annan, um elemento chave é continuar falando abertamente sobre a Aids porque “o silêncio é a morte”, e não marginalizar os doentes porque “no mundo impiedoso da Aids não há nós nem eles”. Annan pediu que toda a humanidade se una “para derrubar os muros do silêncio e discriminação que cercam a epidemia” e que são os principais obstáculos para a prevenção e o tratamento.

A lembrança do Dia Mundial da Luta contra a Aids visa a destacar os avanços na luta contra a epidemia e colocar ênfase nos desafios que há pela frente. O secretário-geral, que faz campanha constante para ampliar a mobilização, o compromisso político e o financiamento para combater a doença, criticou os líderes políticos dos países industrializados e em desenvolvimento.

Vontade política

Annan se mostrou triste por viver em um mundo que tem “os meios e os recursos para ajudar todos os pacientes”, mas não tem “vontade política” para fazê-lo. Quarenta milhões de pessoas estão infectadas com o HIV, segundo dados da ONU, que calcula o número de mortos pela doença este ano em três milhões.

Enquanto no mundo industrializado os pacientes podem ter acesso a tratamentos que prolongam suas vidas, em muitos países em desenvolvimento a doença, segundo Annan, equivale a uma pena de morte. O Conselho de Segurança da ONU incorporou a Aids a seus temas de debate como ameaça à paz e à segurança internacional, mas a questão está longe de ser levada em contra pelos governos da mesma forma que as armas de destruição em massa e o terrorismo.

Fonte: Matéria do Portal Vermelho
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