No primeiro semestre de 2008, cerca de 86% dos 309 resultados obtidos nas negociações de reajustes salariais reunidos pelo Sistema de Acompanhamento de Salários do DIEESE asseguraram, no mínimo, a recomposição da inflação acumulada em cada data-base, segundo o INPC-IBGE. Este percentual é menor que o registrado nos dois últimos anos – que neste período ficou na casa de 96% – mas é superior aos registrados entre 1996 e 2005.
No caso das negociações que conquistaram aumento real de salário, no 1º semestre deste ano, este resultado foi verificado em aproximadamente 74% dos instrumentos, percentual igualmente menor que os registrados nos dois últimos anos [cerca de 84%, em 2006; e 87%, em 2007]. Já com relação aos reajustes que não conseguiram recompor a inflação verifica-se comportamento inverso: 14% das negociações ficaram abaixo do INPC acumulado na data-base, contra em torno de 3%, em 2007.
Quando são considerados os setores econômicos, verifica-se aproximadamente 81% das negociações realizadas por categorias do setor industrial conquistaram reajustes superiores à inflação; para o comércio, o patamar ficou em 80% enquanto no setor serviços foi encontrado o menor percentual de resultados positivos, ou seja, em torno de 64%. O estudo não considerou negociações realizadas por entidades de trabalhadores rurais e de funcionários públicos, devido às especificidades destes setores.
A partir de um recorte regional, verifica-se que as regiões Sul e Centro-Oeste foram as que obtiveram os melhores resultados: aproximadamente 85% das unidades de negociação dessas regiões resultaram em reajustes superiores à inflação. A seguir, aparecem o Sudeste e o Nordeste, que obtiveram resultados positivos em praticamente 70% dos acordos analisados, e a região Norte, com ganhos reais em 63% dos casos.
A análise dos reajustes salariais segundo o Índice do Custo de Vida [ICV-DIEESE] mostra um quadro mais favorável aos trabalhadores brasileiros. Segundo esse indicador, aproximadamente 98% das negociações salariais obtiveram ganhos acima da inflação e apenas 2% ficaram abaixo. A diferença decorre do fato de o ICV-DIEESE ter registrado variações menores nos preços do que as registradas pelo INPC-IBGE.
Fonte: Dieese