Artigo: Salvar o povo, não os especuladores

Washington Luiz Moura Lima
Economista – Assessora Sindicatos de Trabalhadores do Poder Judiciário Federal 
 
Com a crise financeira onde os bancos registram enormes perdas por conta da desenfreada especulação que promoveram são anunciadas medidas pelo governo americano de salvamento dos especuladores de 1,3 trilhões de dólares.
E, em todos os países os governos anunciam medidas semelhantes. Na Grã-Bretanha, Alemanha e França, respectivamente 745 bilhões, 430 bilhões e 402 bilhões de dólares.
Até no Brasil que segundo o governo estaria “blindado”, em poucos dias foram mais de R$ 130 bilhões – R$ 100 bilhões de liberação de compulsório e R$ 30 milhões de entre empréstimos e “injeções” na economia segundo o jornal “OESP” de 08/10/2008.
Porém as medidas não solucionam a crise. Segundo um relatório do FMI o “Pior da crise financeira ainda está por vir”. E, por quê?
São décadas de especulação financeira onde os lucros não correspondem a uma riqueza ou produção real. Esse processo foi encoberto por conta do rebaixamento sistemático dos salários e dos direitos dos trabalhadores – reformas previdenciárias e trabalhistas, privatizações, etc… e injetando mais dinheiro e capital fictício (ou dívida tóxica) na economia mundial, ou seja, quanto mais adiaram mais devastadoras foram às conseqüências.
O problema é saber quem vai pagar a conta desses trilhões de dólares usados para cobrir o rombo dos bancos e especuladores? Pois os resultados desse salvamento são claros nos EUA e no mundo: inflação, recessão, aumento da dívida pública, redução dos gastos com os serviços públicos.
Assim, o governo Bush não tomou nenhuma providência, quando mais de um milhão de famílias americanas perderam suas casas, e ainda outras nove milhões estão ameaçadas.
O governo Lula tem de fazer o contrário – salvar povo da crise. Investir no serviço público, acabar com a política de superávit para pagar a dívida, reduzir os juros do crédito, garantir 100% do monopólio da Petrobrás do Pré-Sal, aumentar o salário mínimo, fazer a reforma agrária e garantir a soberania nacional, mais que nunca ameaçada com a proposta dos bancos de criação de uma “Autoridade Monetária Mundial”.