Governo apresenta propostas com visão de mercado

As experiências de outras entidades do serviço público federal foram mostradas no I Encontro Nacional da Fenajufe sobre Plano de Carreira. Agostinho Beghelli Filho, do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) disse que um problema tido como sério é a visão de mercado dentro do funcionalismo público. “Exemplos de propostas governamentais para precarizar nosso setor não faltam. Gratificações passaram a ser parte significativa do salário. Elas são produtivistas e ruins para a aposentadoria”, afirmou.

Segundo Beghelli, só a luta dos servidores pode garantir uma Carreira estruturada com valorização da progressão e da avaliação dos servidores, mas não nos moldes das tentativas propostas pelo Governo. “Defendemos, sim, a avaliação, mas feita a partir da possibilidade de qualificação. Não pensamos apenas na avaliação do indivíduo, e sim da instituição, feita pelo conjunto de pares envolvidos e pelos estudantes”.

Paulo Henrique Rodrigues dos Santos, da Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra), fez um balanço da situação administrativa na esfera federal desde o início do século passado. Para o dirigente, “o conceito de gestão pública permanece praticamente igual desde a Era Vargas. O Estado ainda não é voltado para a população. Qualquer debate sobre carreiras tem como precedente a questão do Estado”, defendeu.

“Economicismo”

O terceiro palestrante, Pedro Armengol, da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), disse que nos últimos 20 anos toda a discussão sobre Carreira acabou suplantada pelo tema econômico. “O ‘economicismo’ do Governo sempre atrapalhou qualquer aprofundamento”, afirmou. Segundo Armengol, a questão da Carreira deve ser abordada como instrumento de gestão e qualificação dos profissionais e do serviço prestado, tendo como norte para a evolução do problema a união do servidor: “Enquanto não tivermos a compreensão política de que precisamos nos unir para construir parâmetros gerais para nossa Carreira, não teremos força. Dessa forma o Estado vai continuar transferindo para a sociedade as suas responsabilidades”.