Confira dicas para pagar menos IOF

Medidas simples aliviam a carga do imposto sobre as compras a crédito. Mas, segundo especialistas, o ideal é fazer as contas e optar, sempre que possível, pelo pagamento à vista 

O consumidor terá que ter jogo de cintura para aliviar o impacto do Imposto sobre Operação Financeira (IOF) nas operações de crédito que realizar a partir deste ano. O aumento do imposto, anunciado pelo governo, vai encarecer financiamentos como o de automóveis, crédito direto ao consumidor (CDC), cheque especial e crédito rotativo, além de outras operações contratadas em bancos e financeiras. A alíquota do tributo sobe de 1,5% para 3% ao ano, sem contar uma taxa de 0,38% a ser aplicada no ato de cada operação de crédito.

Uma das poucas maneiras de se livrar do peso dessa despesa inesperada é ficar atento às compras feitas a prazo e eliminar empréstimos desnecessários, ensina o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças e Administração (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira. “Não há muito o que fazer. Se a opção é partir para qualquer tipo de financiamento, haverá incidência de IOF”, diz o especialista. O ideal, de acordo com ele, é fugir do crédito rotativo e do cheque especial. “Acima de tudo, muito mais penosas do que o próprio IOF são as taxas de juros”, acredita. Nas compras a prazo, Oliveira orienta os consumidores a pagarem com cheque pré-datado e carnê, desde que o estabelecimento comercial informe se está ou não cobrando o tributo.

“Só há uma maneira de fugir: deixar de usar o crédito em operações financeiras. O IOF vai encarecer os empréstimos”, alerta o diretor-adjunto da Fundação Ipead, Wanderley Ramalho. Na avaliação dele, num primeiro momento, o aumento da alíquota deverá se refletir numa redução da demanda pelo crédito porque os consumidores passarão a fazer as contas de quanto vão pagar para tomar dinheiro emprestado ou para consumir a prazo. “É bom que isso aconteça. O consumidor vai ficar mais consciente, prestar mais atenção nos juros que está pagando e usar o crédito de maneira mais seletiva. O crediário é uma coisa boa para a economia, mas deve ser muito bem usado As taxas dos cartões são muito altas”, observa.

Edmundo Aldek, dono da Estrela Veículos, explica que, no caso do financiamento de veículos, a única maneira de escapar é comprar à vista ou por leasing, uma operação bem mais burocrática do que o CDC habitual, que hoje responde por 80% das vendas financiadas. “Ainda é cedo para medir o impacto da medida, mas acredito que o mercado vai absorver esse aumento de imposto”, acredita. Mas a professora Alessandra Andrade Ferreira está atenta à cobrança de juros e à incidência de IOF nas compras que realiza. Na semana passada, deixou de levar um armário a prazo num dos saldões de eletrodomésticos promovidos pelas lojas do ramo em Belo Horizonte, porque o preço final da mercadoria iria aumentar muito. “Só compro financiado se a loja não cobrar juros. Procurei uma geladeira e, fazendo as contas, percebi que o preço final a prazo sairia R$ 400 a mais do que o preço à vista. Os juros que eram de 1,27% passaram para 1,58% por causa do IOF”, afirma.

Eletrodomésticos

• Se a loja aceitar o pagamento das prestações com cheques pré-datados o consumidor ficará isento do IOF já que esta operação não está sujeita à tributação.

• Se a compra puder ser realizada com cartão de crédito com pagamento em parcelas fixas, assumidas pelo próprio cartão, também não terá cobrança de IOF por não caracterizar financiamento.

• Se a compra for realizada em parcelas, sem interferência de instituição financeira, por meio de crediário próprio, por carnê ou outra modalidade de recebimento, também não incidirá o IOF

Carros

• Se a compra ocorrer mediante contrato de leasing não ocorrerá a incidência do IOF. O veículo, contudo, deverá permanecer no nome do comprador até o pagamento de todas as parcelas que não podem ser antecipadas, sob pena de descaracterizar a operação de leasing.

• Se o financiamento não contar com intermediação de instituição financeira, assumindo a loja o parcelamento do preço, a operação também é livre de IOF.

• Como incidem duas alíquotas na compra mediante financiamento (0,0082% ao dia 0,38% sobre toda a operação), quanto menor o prazo de financiamento menor será o recolhimento proporcional do IOF. Daí vale a pena dar um valor maior de entrada, financiando o mínimo possível no menor prazo.

Cartões de crédito

• A dívida com o cartão de crédito estará sujeita ao IOF de 0,0082% ao dia, salvo se houve a utilização de parcelamento oferecido pela própria administradora sem juros. O melhor a fazer é quitar na data sempre o total.

Seguro de automóveis

 • Nas operações com seguro de automóveis ocorrerá um aumento do IOF que passa de 7% para 7,38%. Nesse caso o melhor é fazer um seguro com preço do bem próximo da realidade, pois o tributo incidirá sobre toda a operação.

COMO EVITAR COBRANÇA EM DOBRO DE IOF

• Não tomar empréstimo no banco (CDC), por exemplo, para quitar cheque especial;

• Mesmo com IOF nos empréstimos consignados vale a pena lançar mão deles para quitação de dívida de cartão de crédito ou cheque especial que, em regra, têm taxas de juros muito mais altas;

• Antes de realizar qualquer financiamento procurar saber sempre a taxa de juros, o total a prazo e o valor do bem à vista.

Fonte: Estado de Minas