Por Marcela Cornelli
Após uma rodada de intensos debates e atividades no Fórum Social Brasileiro (FSB), a Coordenação dos Movimentos Sociais se reuniu em uma plenária para programar os próximos passos da luta no país. No espaço central dos estandes do MST, da UNE e da CUT, dirigentes destas entidades e representantes de outros setores definiram a realização de uma Jornada nacional de luta, que deverá mobilizar as principais cidades no dia 21 de novembro. A data foi escolhida de caso pensado, pois neste dia estará terminando a rodada de negociações da Alca em Miami; o Jubileu Sul já o indicara como um dia continental de protestos.
Após uma análise do atual momento político brasileiro, feita por todas as entidades, apontou-se que além da luta contra a Alca, os atos terão também como bandeira as lutas pela não renovação do acordo com FMI e pela criação imediata de empregos, principalmente através da reforma agrária e da redução da jornada de trabalho.
O representante da CUT nacional, Gilson Reis, apontou a necessidade de fortalecer a Coordenação dos Movimentos Sociais nacionalmente, organizando-a nos Estados e capitais em que ela não foi lançada, além de expandir mais sua atuação. Ele chamou a atenção também para a necessidade de se fazer da Coordenação o principal espaço de aglutinação do movimento social e que cumpra o papel de pressionar o governo para implementar as mudanças que o país necessita.
A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) foi fundada em abril deste ano, na capital paulista, sob o impulso das mobilizações contra a guerra no Brasil e no mundo. Aglutina as principais entidades e movimentos brasileiros de âmbito nacional e vem se esforçando para formar seções enraizadas nos Estados.
Para o dirigente da UNE, Paulo Vinícius, o Fórum Social Brasileiro é uma prova da força que as organizações sociais têm quando trabalham unidas, mesmo em um ambiente de tamanha diversidade. Vinícius mostrou que o momento exige que esta unidade seja crescente, principalmente para pressionar o governo a mudar a política econômica. O estudante citou o exemplo do superávit primário que tem cortado recursos que poderiam ser usados nas universidades públicas e na reforma agrária. Levantou também a necessidade de apoiar o governo no que há de positivo, como a política externa, que vem sofrendo ataques dos setores conservadores.
Enio Borghenting, que representou a direção nacional do MST, informou que no dia 21 de novembro está marcada a chegada a Brasília de uma grande marcha. O objetivo é “cobrar a implementação do Plano Nacional de Reforma Agrária, que definiu o assentamento de 1 milhão de famílias e até agora não saiu do papel”. Segundo o líder sem-terra, “os eixos definidos nesta plenária serão facilmente incorporados, pois fazem parte da plataforma do MST”.
Outras entidades se manifestaram relatando o que já está sendo preparado nos Estados, como a atividade de Porto Alegre batizada “Marcha dos Sem” que reunirá estudantes, trabalhadores urbanos e sem-terra. Em São Paulo a preparação também já está em curso sendo organizada pela CMS estadual e pela Coordenação Nacional de Luta Contra a Alca.
No final do encontro definiu-se uma orientação para que as coordenações estaduais marquem reuniões e aglutinem o maior número de entidades para prepararem grandes manifestações.
O momento foi aproveitado também para fazer um balanço do primeiro FSB onde observou-se um grande sucesso e a implantação de um espaço de acúmulo de forças para os próximos embates. O clima no encerramento refletiu uma lição aprendida neste Fórum: só organizações sociais fortes e unidas conquistarão o “outro mundo possível” e o “Brasil necessário” mencionados no lema do 1º Fórum Social Brasileiro.
Fonte: Portal Vermelho