O portal Carta Maior enfrenta uma crise financeira que pode levá-lo ao fechamento. A informação foi divulgada por Flavio Aguiar, editor-chefe da página, em editorial. No texto, o jornalista diz que “é iminente” o encerramento de atividades por conta de problemas, não-especificados, que se agravaram a partir de dezembro do ano passado.
A repercussão do texto, publicado na segunda-feira (26), levou Aguiar a escrever dois adendos ao editorial, dizendo que existe disposição de superar a crise. “Queremos responder ao conjunto de leitores que nossa luta não está encerrada. Estamos fazendo todos os esforços possíveis para manter a Carta Maior em funcionamento, e vamos continuar essa tentativa até o último limite”, declarou o jornalista.
O portal tem entre seus colunistas nomes como Bernardo Kucinski, Ignacio Ramonet, Emir Sader, Francisco de Oliveira e Maria Rita Kehl. Recentemente, a atualização da página se tornou menos freqüente, justamente como conseqüência dos problemas financeiros, segundo a mensagem de Aguiar – que atualmente comanda uma redação de nove jornalistas e mais de 20 colaboradores.
Criado em 2001, durante o a primeira edição do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS), o site deu origem à Agência Carta Maior, que tem seu material reproduzido por diversos veículos. A newsletter da página – com um resumo dos principais artigos e das reportagens do dia – é enviado a mais de 33 mil pessoas.
Fonte: Vermelho
Leia abaixo o editorial da Carta Maior, que mostra como os leitores preocupados com a sobrevivência da comunicação democrática no País podem ajudar a manter esses canais atuantes.
EDITORIAL – 3
Às leitoras e aos leitores
Carta Maior
Nas centenas de respostas solidárias que recebemos desde o anúncio da possibilidade de nosso fechamento, lê-se a disposição de ajudar concretamente a Carta Maior. Há propostas que generosamente falam em doações de dinheiro. Agradecemos estas manifestações calorosas que atestam não só a preocupação pela Carta Maior, mas também pela necessidade de se democratizar a comunicação na sociedade brasileira.
Temos duas propostas sobre esta ajuda concreta. Em primeiro lugar, é inegável que a divulgação de nossa precariedade financeira gerou uma repercussão de monta entre os leitores não só da Carta Maior, mas de toda a imprensa alternativa àquela das grandes corporações. Acrescer esta repercussão é fundamental para ajudar a Carta Maior e a democratizar a comunicação no Brasil. Ou seja: solicitamos aos leitores que divulguem os editoriais da Carta Maior, que escrevam seus comentários e os enviem para nós, e que peçam a seus colegas, amigos, companheiros e companheiras de redes, blogues, faculdades, de trabalho, de escola etc. que também o façam. Isso é fundamental.
Em segundo lugar, é fundamental inscrever-se no nosso cadastro. Na página principal da Carta Maior, os leitores encontrarão a pequena janela “Cadastro – clique aqui para se cadastrar”. Os que assim procederem e preencherem os dados necessários estarão se cadastrando para receber o boletim diário da Carta Maior. Nossa página trabalha em sistema de “copyleft”, ou seja, todo o material nela divulgado é de domínio público, bastando reproduzi-lo corretamente, com a indicação da fonte e do autor. Mas o leitor cadastrado, que recebe o boletim, transforma-se num assinante da Carta Maior, recebendo em seu endereço eletrônico a atualização da página assim que ela é feita. Atualmente temos 33.093 leitores cadastrados. Eles são a prova documentada da repercussão da página da Carta Maior.
É necessário multiplicar esse número, para que os responsáveis por agências, empresas e demais entidades que trabalham com publicidade ou patrocínio em relação a este tipo de veículo se dêem conta de sua importância. Assim, pedimos aos nossos leitores e leitoras que se cadastrem na página da Carta Maior, e que peçam a seus amigos, colegas, correligionários etc. que também o façam. Estamos dispostos inclusive a manter a informação exposta na página: “Carta Maior tem XXXXX leitores cadastrados”, atualizando-a diariamente. Isto é uma forma muito concreta de ajudar a Carta Maior a manter sua presença na imprensa brasileira, demonstrando sua ressonância e repercussão. Enquanto este movimento for feito, nós da Carta Maior continuaremos com nosso esforço para viabilizar a continuidade da página.
Mas a situação vivida por Carta Maior é a da maioria dos veículos de comunicação dessa imprensa alternativa, ou outro nome que se lhe queira dar. Portanto, uma forma de ajudar a todo esse conjunto absolutamente necessário para a democracia da nossa comunicação é debater essa questão, escrevendo a respeito, colocando-a em pauta nos sindicatos, partidos, organizações não governamentais, escolas, universidades, em todos os veículos que estiverem ao alcance dos leitores.
Mais uma vez agradecemos aos leitores e leitoras por todas essas manifestações de solidariedade militante com a causa de uma imprensa democrática, rigorosa e comprometida com a diminuição das imensas desigualdades que marcam nossa sociedade.
Pela Redação,
Flávio Aguiar
Editor Chefe (28/03/2007)