Na época em que se faziam manifestos e movimentos literários também havia as musas – e a jornalista e escritora Patrícia Galvão, a Pagu (1910-1962), foi uma delas. A jovem preocupada com vanguardas artísticas, colaboradora da Revista de Antropofagia, também fez política nos anos modernistas.
Foi militante comunista, presa e torturada algumas vezes, e entre outras proezas publicou aquele que é considerado o primeiro romance proletário brasileiro, Parque Industrial. Esgotado havia anos, acaba de sair pela José Olympio como parte da coleção Sabor Literário.
A obra se destaca mais pelo valor histórico-social do que pelo estético. O romance, hoje, “poderá parecer ingênuo”, como nota o autor da apresentação, o jornalista Geraldo Galvão Ferraz, filho de Pagu.
Mas o livro não deixa de envolver o leitor pelo que tem de “generoso e sincero”, diz Ferraz. Quando o lançou, em 1933, a autora usou o pseudônimo Mara Lobo – não somente para evitar a perseguição da polícia, mas também porque sofria restrições dos próprios comunistas devido ao seu passado “pequeno-burguês”.
Pagu se esforçou para se adequar à causa: na época de militante, abandonou a família e se tornou operária. A primeira edição, de pequena tiragem, foi financiada por Oswald de Andrade, com quem se casara. As duas reedições posteriores também tiveram tiragens reduzidas.
Fonte: Portal Vermelho