O Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2006 mostra o Brasil como exemplo de melhoria na distribuição de renda. Segundo o documento, nos últimos cinco anos, o Brasil — um dos países mais desiguais do mundo — tem combinado um sólido desempenho econômico com declínio na desigualdade de rendimentos e na pobreza. Hoje, o Brasil é o 10º mais desigual numa lista com 126 países e territórios. Ele está melhor que Colômbia, Bolívia, Haiti e seis países da África Subsaariana, aponta o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
De acordo com o documento, os avanços ainda tiraram o Brasil da penúltima posição no ranking de distribuição de renda da América Latina — no último relatório, só a Guatemala estava em situação pior. Apesar de os progressos terem permitido que o indicador brasileiro superasse o colombiano, duas colocações foram ganhas graças à intensa ampliação do fosso de renda entre pobres e ricos na Bolívia e à entrada do Haiti no ranking. A Guatemala passou da primeira para a sétima posição na lista dos piores da região, superando até o Chile.
Educação
O desempenho brasileiro é avaliado no relatório principalmente com base no índice de Gini — indicador de desigualdade de renda que varia de 0 a 1, sendo 0 em uma situação na qual toda a população possuísse uma renda equivalente, e 1 se apenas uma pessoa detivesse toda a riqueza do país. No relatório, o índice do Brasil é 0,580, menor que o da Colômbia (0,586, 9ª no ranking dos piores) e pouco maior que os de África do Sul e Paraguai (0,578, empatados na 11ª colocação). O documento destaca o programa Bolsa Família como um dos responsáveis pelos avanços do Brasil.
As notas conquistadas na área da educação ficaram inalteradas e a expectativa de vida registrou um pequeno aumento, de 70,8 anos em 2003 para 70,8 anos em 2004. O PIB, por sua vez, apresentou um crescimento de 3,1%. Essa marca, porém, desvia totalmente do padrão apresentado nos últimos anos. De 1990 a 2004, a média de crescimento foi de 1,2%.
As 416 milhões de pessoas mais pobres do mundo todo têm uma renda equivalente à das 500 pessoas mais ricas, informou o Pnud. ‘A acumulação de riqueza no nível mais alto da distribuição mundial de renda foi mais nítida que a redução da pobreza no nível mais baixo’, diz o relatório do Pnud. Os dados afirmam que todas as regiões do mundo, com exceção da África subsaariana, vêm reduzindo os seus níveis de pobreza desde 1990. As pessoas que vivem com menos de US$ 1 por dia passaram de 28 para 21%. Hoje, elas são 1 bilhão em todo o planeta.
População mundial
A terça parte dos pobres vive na África subsaariana e representa quase metade da população da região. ‘A África subsaariana é a única região que verifica o crescimento tanto da pobreza quanto do número absoluto de pessoas pobres’, acrescenta o Pnud. Entre as metas de desenvolvimento do milênio está a redução do total de pobres à metade, até 2015. ‘Mas os dados nacionais mostram que os objetivos não serão atingidos’, diz o relatório.
O documento afirma que nove de cada dez cidadãos dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) estão entre os 20% mais ricos da população mundial. Em contraste, um em cada dois habitantes da África subsaariana está entre os 20% mais pobres. A renda média dos 5 bilhões de habitantes do mundo todo é de US$ 5.533 anuais. Porém, só 20% chegam a esse patamar. ‘A globalização abriu espaço para um debate sobre as tendências da distribuição de renda mundial. Algumas vezes se perde de vista a desigualdade profunda, assim como a capacidade de redução da pobreza associada à maior igualdade’, afirma.
Fonte: Portal Vermelho