Pelo menos 43 milhões de crianças em todo o mundo são impedidas de cursar a escola primária por causa de conflitos armados, de acordo com relatório divulgado nesta terça-feira pela ONG Save the Children.
A organização aponta entre as causas do problema a destruição de escolas durante conflitos, morte de professores e recrutamento forçado de crianças.
A organização lançou uma campanha global, intitulada Reescreva o Futuro, para pressionar líderes mundiais para ajudar crianças carentes a ter acesso a educação formal. Os recursos estimados são de cerca de US$ 6 bilhões. Save the Children quer levar 3 milhões de menores às escolas até 2010.
Educação primária para todos até 2015 era uma das Metas de Desenvolvimento do Milênio a que se comprometeram os líderes mundiais em 2000.
De acordo com Save the Children, qualquer iniciativa para aumentar as oportunidades de educação para as crianças está destinada ao fracasso se milhões delas que vivem em zonas de conflito não tiverem as mesmas oportunidades daquelas que vivem em áreas mais pacíficas.
CRIANÇAS FORA DA ESCOLA
Somália – 1.580.000 – 89,2%
RD Congo – 5.290.000 – 65,2%
Serra Leoa – 431.000 – 59,1%
Timor Leste – 75.000 – 58,6%
Eritréia – 312.000 – 57,1%
Sudão – 2.405.000 – 51,1%
Haiti – 572.000 – 45,6%
Chade – 577.000 – 41,7%
Paquistão – 7.813.000 – 39,3%
Angola – 533.000 – 38,5%
Afeganistão – 1.139.000 – 33,3%
Nepal – 1.049.000 – 26,8%
Iraque – 818.000 – 22,2%
Colômbia – 497.000 – 10,6%
Save the Children
Países afetados
O país onde há mais crianças privadas de escola, de acordo com o relatório da Save the Children, é a Somália, que não possui um governo central operante, e tem 89,2% de suas crianças fora das salas de aula.
Na República Democrática do Congo, que recentemente realizou eleições democráticas na esperança de selar o fim de um longo conflito, apenas 35% das crianças freqüentam a escola.
No Chade, um dos países mais pobres do mundo, 41,7% das crianças não freqüentam aulas, de acordo com a Save the Children.
No Nepal, onde uma insurreição maoísta domina a vida rural por uma década, quase 27% das crianças não recebem educação.
Em Angola, Save the Children estima que são necessários US$ 180 milhões para que todas as crianças estejam no sistema educacional até 2015. Hoje, 38,5% estão sem escola no país.
Para mudar a situação nestes e outros países, a Save the Children pede que os governos dêem ênfase ao fornecimento de instalações para a educação das crianças.
Também está sendo pedido que os principais países doadores e agências de ajuda humanitária façam do acesso à educação uma prioridade em épocas de conflito, e da resolução de conflitos.
A campanha apresenta como exigências mais importantes uma ênfase na formação de professores, aumento no número de crianças – especialmente meninas – no sistema educacional, ensino de direitos humanos e promoção da justiça no currículo, garantia de que uma porcentagem de recursos angariados durante operações de emergência das Nações Unidas seja alocada para a educação.
Fonte: BBC Brasil