Grande manifestação acontece hoje em Brasília

Os governos brasileiro e dos Estados Unidos montaram um forte esquema de segurança para a visita do presidente estadunidense, George W. Bush, à Brasília. Os opositores de Bush e seu governo intervencionista também se preparam para receber com manifestação o presidente Bush, que visita a capital do Brasil neste sábado e domingo.
Nesta sexta-feira, dois monumentos da capital – o Memorial JK e o Museu do Índio – amanheceram o dia pichados com protestos contra o presidente dos Estados Unidos. “Fora Bush assassino” e “Yankees go home” foram algumas das frases escritas. Seguranças do Memorial JK tentaram evitar fotografias das pichações e providenciaram rapidamente o trabalho de limpeza das inscrições.
A grande manifestação contra a presença de Bush no Brasil está marcada para esta sexta-feira (4/11), antes mesmo da chegada dele. A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), que reúne várias entidades, entre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), União Nacional dos Estudantes (UNE); e os partidos de esquerda vão realizar manifestação, a partir das 9 horas de hoje, saindo da Catedral de Brasília, até a Embaixada americana.
Outro grupo de manifestantes, convocados pelo PSTU e PSOL, irão se concentrar, no mesmo horário, na rodoviária de Brasília, e depois as duas manifestações irão se unir num único ato de protesto contra Bush.
Os manifestantes vão levar cartazes em que aparece Bush caracterizado como Hitler e os dizeres “Tire as patas do Iraque”. Um boneco em tamanho natural, representando o presidente dos Estados Unidos, será queimado. Em frente à Embaixada dos Estados Unidos, os manifestantes irão puxar “palavras de ordem” e discursar contra a política estadunidense e vão queimar a bandeira dos Estados Unidos como forma de protesto e entregar carta repudiando a presença de Bush no Brasil.
Está prevista também uma performance teatral organizada pelo Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA) do Distrito Federal que vai abordar o papel de Bush e do imperialismo estadunidense contra os povos da América Latina.
Por volta das 17h, deve ser realizado um segundo ato na plataforma superior da rodoviária de Brasília com um trio elétrico que terá a presença do cantor Alceu Valença e trio Siridó. Eles aceitaram tocar gratuitamente no ato de protesto.
Neste mesmo ato será distribuída a nota da CMS para a população de Brasília e o Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz) irá recolher assinaturas para um abaixo-assinado que pede a condenação de Bush por crimes contra a humanidade.

Manifestação deve reunir entre 5 e 6 mil pessoas

Para o presidente da UNE, Gustavo Petta, “Bush vai voltar para os Estados Unidos sentindo mais claramente a reprovação dos latino-americanos com a política militarista, guerreira e assassina dele”, afirmou.
Petta disse ainda que a manifestação é também contrária a política de dominação econômica implementada pelos Estados Unidos, rejeitando a economia neoliberal, a abertura indiscriminada de mercados e a Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
O presidente da UNE acredita que a manifestação reunirá entre 5 mil e 6 mil pessoas em Brasília. Petta lembrou que há representantes da UNE em Mar del Plata, na Argentina, onde as manifestações são muito mais hostis. E acrescentou que durante o final de semana grupos de manifestantes vão monitorar os roteiros e trajetos do presidente Bush em Brasília para “dar o nosso recado de repúdio à política sanguinária e assassina de Bush”.
Segundo Paulo Vinícius, secretário de Relações Internacionais da União da Juventude Socialista (UJS), as entidades juvenis estão fazendo uma ampla convocação nas escolas para que os estudantes de Brasília e cidades próximas compareçam ao protesto. “Quarenta ônibus estarão à disposição dos manifestantes”, diz Vinícius.
O movimento sindical do Distrito Federal também está dando uma grande contribuição na preparação e divulgação do ato.

Preparativos

A CUT dedicou o dia de ontem para convocar a população para o ato contra o presidente dos Estados Unidos. Panfletos foram distribuídos nos locais de maior movimentação. “É dever de todos os Brasileiros defender a nossa soberania e a Paz. O maior símbolo do projeto para restringir nossa soberania é o terrorista Bush. Vamos mobilizar todos para o ato contra a presença de Bush, no Brasil, que se realizará nesse dia 4 de novembro de 2005, sexta feira”, diz o texto.
Os manifestantes enumeram as denúncias contra o governo dos Estados Unidos, criticando a presença ianque no Paraguai, a defesa dos cinco patriotas cubanos presos injustamente nos EUA, a luta contra a extradição do padre colombiano Olivério Medina, a denúncia da ocupação estadunidense no Afeganistão e no Iraque e a solidariedade ao povo Palestino. O ato também vai servir para coleta de assinaturas pela condenação de Bush por crimes contra a humanidade.
O secretário de Comunicação da CUT, Antonio Carlos Spis, que está à frente dos preparativos das manifestações, acredita que 15 Estados brasileiros farão atos semelhantes, de hoje a domingo, “contra a política intervencionista desse (Bush) que é o inimigo número 1 da humanidade”, afirma.

Espaço fechado

O espaço aéreo brasileiro deverá ser fechado sábado (6) e domingo (6) próximos, durante a chegada e a saída do presidente Bush ao Brasil. A informação foi dada pelo delegado chefe da Coordenação Geral de Defesa Institucional, Wilson Talles Damazio. O delegado ressaltou, entretanto, que a decisão sobre o fechamento do espaço aéreo ainda depende de reunião que será realizada entre representantes da Aeronáutica e da Polícia Federal.
Ao todo, mais de 600 homens da Polícia Federal brasileira e da americana, do Exército, da Marinha e da Aeronáutica vão trabalhar no esquema de segurança do presidente Bush. A chamada Operação América conta ainda com a participação de homens do serviço secreto dos Estados Unidos e do Departamento de Inteligência brasileiro.
O sábado, quando está prevista a chegada do presidente dos Estados Unidos a Brasília, ganhou o apelido de Dia D – referência ao desembarque de tropas aliadas na França durante a Segunda Guerra Mundial -, tamanha é a complexidade do aparato que será empregado para garantir a passagem sem incidentes de Bush pelo país. Dos 500 policiais federais destacados para a missão, 400 cuidarão diretamente da integridade física de Bush, da primeira-dama Laura Bush e da secretária de Estado, Condoleezza Rice.
Os policiais acompanharão a comitiva em todos os lugares por onde ele passar. A tarefa também será executada pelo serviço secreto dos EUA. Na residência oficial da Granja do Torto, onde o presidente Lula recepcionará Bush com churrasco no domingo, quando os dois conversarão sobre livre comércio e democracia na América Latina, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência se encarregará do serviço. Câmaras de vídeo foram instaladas em vários pontos da residência oficial.
O Hotel Blue Tree Park, que foi todo alugado pelo governo dos Estados Unidos, para acomodar a comitiva, já estava sob controle dos EUA desde esta quinta-feira até a meia-noite de domingo. Os últimos hóspedes que não faziam parte da comitiva tiveram de deixar o prédio ontem. E agora quem dá as ordens são os coordenadores do grupo que acompanha o presidente dos Estados Unidos em sua primeira visita ao Brasil. “Neste momento, o hotel pertence à Casa Branca”, brincou o diretor-geral do Blue Tree Park, Mário Dias.

Fonte: Diário Vermelho (Márcia Xavier, com a colaboração de Cláudio Gonzalez)