Coordenadores do Sintrajusc prestigiaram nesta quinta-feira (1º), no Centro Integrado de Cultura (CIC), a exibição do documentário “Servidão”, com a presença do diretor Renato Barbieri. A iniciativa faz parte do Encontro de Direito e Cinema, da Escola Judicial (Ejud) do TRT-SC em parceria com o Sindicato. Com entrevistas de ativistas como Leonardo Sakamoto e narrado por Negra Li, o documentário é um olhar revelador sobre o trabalho análogo à escravidão no Brasil. “Servidão” é protagonizado por Marinaldo Soares Santos, libertado três vezes do trabalho forçado em fazendas no Pará. A entrada foi gratuita e aberta ao público.
Após a exibição, um debate foi mediado pela diretora da Ejud, desembargadora Quézia de Araújo Duarte Nieves Gonzalez, e pela juíza Ângela Konrath, coordenadora do Programa de Enfrentamento ao Trabalho Escravo, Tráfico de Pessoas e Proteção ao Trabalho do Migrante em Santa Catarina (Pete+).
Adailton Pires Costa, servidor do TRT-SC e um dos coordenadores do Sintrajusc, destacou a importância de reconhecer a presença histórica e contemporânea da escravidão em Santa Catarina. “Muitas vezes, quem mora em Florianópolis acredita que essa dimensão do tráfico de escravos é reservada somente à região do Rio de Janeiro ou outros lugares. Mas aqui temos nossos ´cais do Valongo’, como os extintos trapiches da Rua Trajano e o da Alfândega, onde vários escravos desembarcaram. Precisamos pesquisar essas realidades para que elas não continuem se repetindo, como temos visto.”
O cineasta Renato Barbieri também enfatizou a importância do cinema na preservação da memória histórica. “A gente faz cinema para promover o movimento contra o esquecimento da história. Quem não tem história não tem valor. Muita gente pensa que a escravidão acabou em 13 de maio de 1888. O que muitos não sabem é que a escravidão, em sua forma contemporânea, começou no dia seguinte, 14 de maio de 1888. Ou seja, o Brasil nunca teve um dia sequer como nação livre. Conhecemos muito pouco das nuances do movimento da Independência e do abolicionismo, e o cinema vem para elucidar essas verdades que muitas vezes a escola não mostra, gerando uma nova percepção da consciência da nossa história”, refletiu.
Com informações do TRT-SC