Uma comitiva do Fazendo Escola com representantes do Sinjusc, Sintrajusc, Simpe-SC e Sindjus-RS participou do Seminário Internacional Saúde e Trabalho no Poder Judiciário realizado nos dias 22 e 23 de março, em Rosário, na Argentina. O Sintrajusc, integrante do Fazendo Escola, foi representado pela coordenadora Maria José Olegário, que levou o material produzido pelo Sindicato sobre assédio moral e sexual nas relações de trabalho (Cartilha e Assediômetro), o qual fez muito sucesso entre os organizadores por seu conteúdo e profundidade nas informações.
O evento foi organizado pelo Sindicato dos “Judiciales de Santa Fé”, pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores da Justiça Argentina (FE-Sintraju) e pela Universidade Nacional de Rosário (UNR) com o propósito de debater os impactos da rotina e do ambiente de trabalho na saúde física e mental da categoria.
No primeiro dia, a comitiva do Fazendo Escola foi até o Tribunal em Rosário para conhecer os “judiciales” e as rotinas de trabalho da categoria. Apesar de inúmeras semelhanças, foram as diferenças que acabaram chamando mais atenção no intercâmbio de experiências.
Apesar de contarem com associação própria, existem magistrados e magistradas na Argentina que se filiam às entidades que representam as trabalhadoras e os trabalhadores do judiciário de uma maneira geral. Existe inclusive uma lei que aplica os mesmos reajustes e aumentos salariais de juízes e juízas para toda a categoria.
A realidade do trabalho remoto no judiciário brasileiro fez colegas da Argentina questionarem os efeitos do enfraquecimento dos vínculos sociais e do isolamento sobre a saúde mental de quem faz home-office.
No segundo dia, além da troca metodológica entre a pesquisa realizada pela UFSC em parceria com o Fazendo Escola e o acompanhamento que os Sindicatos Argentinos fazem do tema desde o final dos anos 1990 até o pós-pandemia, foram exibidos vídeos em que representantes das categorias dos dois países mostravam o ambiente e falavam da rotina de trabalho.
A digitalização e o consequente aumento da carga de trabalho na Justiça brasileira chamaram a atenção de “hermanas y hermanos”, ao mesmo tempo que as torres de processos empilhadas nos corredores despertaram lembranças na comitiva brasileira.
AVALIAÇÃO
Para a coordenadora Maria José Olegário, as atividades desenvolvidas durante o seminário foram de grande alcance para aprofundar o entendimento sobre questões do assédio moral e sexual nas relações de trabalho para melhor combatê-los. “Ficou explicitada a importância de os trabalhadores e trabalhadoras que vivenciam essa situação falarem sobre ela, darem voz ao seu sofrimento, levar a experiência ao coletivo na busca de soluções”, afirma Maria José.
Ela complementa que se o enfrentamento dessas situações passa pelo coletivo, aí se concretiza a importância dos Sindicatos: “Os Sindicatos propiciam espaços de solução destes conflitos, dando visibilidade ao sofrimento do trabalhador e da trabalhadora que, a princípio, parece individual, mas, na verdade, influencia o conjunto das relações laborais”.
De acordo com a socióloga do Fazendo Escola, Camila Betoni, a visita à Argentina foi importante para a articulação do seminário “Por Um Fio”, que será realizado em agosto: “Conhecemos uma experiência muito rica de investigação sobre a saúde dos trabalhadores, politicamente engajada e com a participação ativa das bases. Ela é fruto de uma aliança sólida entre o Sindicato que representa os trabalhadores do judiciário da província de Santa Fé e pesquisadores da UNR. Pessoas importantes nessa história, como o médico e professor Jorge Kohen, que é uma referência internacional no campo da saúde do trabalho, já confirmaram presença para o seminário que faremos aqui em Florianópolis”.
COMITIVA DO FAZENDO ESCOLA PARTICIPA DA MARCHA PELA MEMÓRIA EM ROSÁRIO
No dia 24 de março, a comitiva do Fazendo Escola também participou das manifestações do Dia Nacional da Memória pela Verdade e a Justiça. Em Rosário, a terceira maior cidade do país, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas para lembrar os mais de 30 mil mortos e desaparecidos durante a ditadura militar argentina (1976-1983).
Com informações do Sinjusc