Numa demonstração de unidade e força, com a participação de 25 Sindicatos de base, a Fenajufe iniciou os trabalhos da XXIII Plenária Nacional na noite de quinta-feira (23), em Belém do Pará. Representam o Sintrajusc Denise Moreira Schwantes Zavarize, Alexandre Lapagesse da Silveira, Clóvis Miguel Massignani, Maria José Olegário, Chrystina Mara Pelizer e Paulo Ricardo Ferreira Borba. O coordenador Paulo Roberto Koinski participa pela Fenajufe.
Compuseram a mesa de abertura a coordenadora Lucena Pacheco e os coordenadores Fabiano dos Santos, Paulo José da Silva e Ribamar França representando também o sindicato anfitrião, Sindjuf/PA-AP. A Coordenadora do Cone Sul foi representada pelos dirigentes Jorge Sotelo e Pablo Elizalde, da Federação Judicial da Argentina (FJA) e Asociación de Funcionarios Judiciales del Ucruguay (AFJU), respectivamente.
O coordenador Ribamar fez a saudação aos participantes celebrando os 30 anos da Fenajufe. Para o coordenador é uma honra caminhar junto com a Federação na “busca incessante por direitos, dignidade e reconhecimento”. Ele ressaltou o papel fundamental da Fenajufe na linha de frente das articulações pela melhoria da categoria, com valorização das trabalhadoras e trabalhadores do Judiciário Federal. Finalizando o dirigente reafirmou que “cada passo dado, fortalece a luta e que Juntos somos mais fortes”!
Para o coordenador Fabiano dos Santos, o principal desafio é “sair da plenária com a categoria unificada na construção de uma carreira solida”. Ainda segundo ele, é preciso compreender todos os desafios que estão sendo colocados para os servidores e manter a luta em defesa e valorização dos servidores e dos serviços públicos. “É preciso sair desta plenária com um debate que nos unifique e que não provoque o divisionismo”.
Após reconhecer a luta de todos os participantes, o coordenador Paulo José da Silva reforçou que a luta deve continuar mesmo que “árdua” em prol dos servidores e das servidoras. “Temos que continuar lutando para que tenhamos uma carreira digna e não sermos subalternos do Supremo Tribunal Federal”. Paulo finalizou ressaltando que a Federação irá “continuar unida como está na luta pelos direitos dos servidores e servidoras do PJU”.
A coordenadora Lucena Pacheco reafirmou que a construção de uma carreira sólida é fruto da luta de “cada um de nós aqui!”. De acordo com ela, essa construção vem de encontros como a plenária que traz unidade e fortalecimento dos sindicatos filiados. Ainda segundo Lucena, é importante caminhar junto com todas as categorias do funcionalismo na prestação de serviços de qualidade para a população.
FJA: Em sua manifestação Jorge Sotelo, lamentou a eleição recente do novo presidente da Argentina. Sotelo afirmou que “não há nada pior quando o povo elege seu ditador”. O dirigente disse ainda que espera que a Argentina tenha a mesma força que o Brasil teve para lutar e superar a derrota sofrida nas urnas com a eleição de Bolsonaro, há quase seis anos.
AFJU: Pablo Elizalde ressaltou a importância de espaços de atuação como a plenária da Federação. O representante do Uruguai se solidarizou com a situação do povo argentino que irá enfrentar o governo de privatização e descaso com o serviço público. Para o dirigente, a democracia está sendo atacada em todo o mundo e que a plenária é um espaço de fortalecimento para trabalhadoras e trabalhadores da América Latina.
Por fim, o procurador-geral do município Gustavo Brasil — representando o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, — lembrou que desde quando presidiu a Associação de Procuradores locais exerceu um forte papel pela valorização das carreiras. Citando a Inteligência Artificial (IA), Gustavo afirmou que existe um apelo muito grande no estado pela absorção da IA no serviço público. Segundo o procurador, é um novo desafio, mas, que tem atuado bastante para que não haja desvalorização dos servidores, nem precarização dos serviços.
Após a abertura, o primeiro painel da plenária tratou da “Atualidade e seus desafios: a situação das servidoras e servidores públicos do Brasil e relação com a carreira e extinção de cargos no PJU e MPU”. Os painelistas foram o servidor público Federal aposentado vinculado à UFRJ, Carlos Maldonado; o professor livre-docente do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE/UNICAMP), Plínio de Arruda Sampaio Júnior; e o assessor e consultor de entidades sindicais e diretor da Insight Assessoria Parlamentar, Vladimir Nepomuceno.
Correlação de forças e a responsabilidade da classe trabalhadora
O servidor Carlos Maldonado falou da correlação de forças na atual conjuntura do país. Segundo ele, a força se faz entre os autores sociais e os detentores dos poderes econômicos. “A gente cometeu o erro de achar que ganhar uma eleição, e após assumirmos o governo, já estamos vencedores.”
Para ele, apesar de uma liderança de esquerda ter ganho as eleições no Brasil, não significa que a pauta dos trabalhadores está garantida. “A gente pode até pensar que a correlação de força está favorável aos trabalhadores. (…) Mas é preciso resistir. A eleição de Lula mudou a correlação de forças, mas a pergunta é se ela está favorável ou desfavorável aos trabalhadores.”
Ele também falou ser necessário olhar para o movimento de derrota de Bolsonaro. Segundo ele, apesar da derrota da direita no país, ela ainda está entranhada. “Ganhamos as eleições presidenciais, mas o congresso ficou pior, com um perfil conservador”
O servidor alertou que esperar apenas que Lula resolva o problema não é a saída. “Ou a classe prepara a pauta e vai pro confronto ou corre o risco de ser derrotada. A gente adora achar um culpado, mas é bom a gente cuidar das nossas responsabilidades.”
Ao falar aos participantes da Plenária, disse que os servidores tem que ser atores principais dessa luta. “Temos capacidade de disputa, mas não vamos terceirizar isso para quem ganhou a eleição, isso tem que ser obra das trabalhadoras e trabalhadores”.
O capitalismo e suas múltiplas crises
Ao falar para as servidoras e servidores, o professor Plínio de Arruda Sampaio disse que é preciso compreender a realidade para saber os desafios e que os sindicatos precisam ter uma visão do conjunto das problemáticas. “Estamos vivendo uma situação excepcional. Não estamos vivendo um tempo normal. A nossa atuação tem que ser excepcional também”, disse Plínio que logo após falou das múltiplas crises vivenciadas no Brasil e no mundo.
Ele pontuou a crise social crescente com aumento da pobreza, da desigualdade e imigrações. Também falou da crise política, da geopolítica mundial com forte aceleração das rivalidades nacionais, como por exemplo a guerra na palestina e na Ucrânia. Citou também a crise ambiental catastrófica.
Ao falar da realidade dos trabalhadores, o professor apresentou a atual realidade dos trabalhadores – “Os trabalhadores estão perdendo dinheiro em todos os lugares do mundo”
Plínio analisou que o papel do neoliberalismo é conter a classe: pacificar, neutralizar, desumanizar e domesticar os trabalhadores, naturalizando a barbárie.
Disputa permanente
Vladimir destacou que discutir conjuntura no movimento sindical significa obrigatoriamente discutir duas coisas: correlação de forças e união de forças. “As nossas forças têm que estar unidas contra as outras forças, porque a disputa no mundo político é permanente”. O assessor apontou que do fim da ditadura militar até agora, cada eleição parlamentar elege um Congresso pior que o anterior.
Sobre o perfil do parlamento atual brasileiro, Nepomuceno explicou que do ponto de vista econômico é liberal; do ponto de vista de gestão é a composição mais fiscalista; do ponto de vista de valores, costumes e comportamento é o mais conservador; do ponto de vista ideológico é o mais à direita que o País já teve; e do ponto de vista de direitos humanos é o mais atrasado. “Precisamos nos juntar, só dessa forma vamos conseguir enfrentar a correlação de força que nunca foi favorável à nós”, ressalta.
Fernanda Miranda, Joana Darc Melo, Tainá Lima e Raphael de Araújo, da Fenajufe