Após uma semana de intensas mobilizações em Brasília, os servidores públicos federais consideram positivo o balanço das atividades. O grande momento da mobilização foi a marcha dos SPFs, que, segundo a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (CONDSEF) e a Coordenação Nacional de Entidades de Servidores Públicos Federais (CNESF), organizadora do evento, reuniu 10 mil servidores na Espalanada dos Ministérios, na quarta-feira (22).
A Marcha Nacional começou com concentração dos manifestantes em frente à Catedral de Brasília e seguiu caminhada até o Palácio do Planalto. Durante o evento os servidores lavaram o chão do Ministério da Justiça e a rampa do Congresso Nacional. O compromisso do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, de em 15 dias estabelecer um calendário de negociações, foi considerada outra vitória, fruto da pressão dos trabalhadores em greve.
Os SPFs exigem atenção do governo para as reivindicações da campanha salarial deste ano. Até agora, o governo federal só fez de conta que negocia na Mesa Nacional de Negociação Permanente, esgotando a paciência dos servidores. Por enquanto, a “proposta” do governo, de 0,1%, apresentada por Medida Provisória, ignorando as tratativas que vinham sendo tentadas na Mesa Nacional de Negociação, continua sendo a única alternativa apresentada pelo governo. O outro lado, em função da pressão dos servidores parados, foi produto da reunião com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ontem, que forçou o governo a discutir um cronograma de negociações. É a única linguagem que o governo entende.
Ao mesmo tempo em que não negocia efetivamente, o governo continua afirmando que sempre esteve aberto para discussões. Em entrevista à CBN, o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, afirmou que as negociações com os servidores
públicos são institucionais e sempre aconteceram no governo Lula. Para os servidores, reuniões e encontros não significam negociação.
Os SPFs não abrem mão de 18% de recomposição salarial, a título de antecipação das perdas sofridas de janeiro de 1995 a dezembro de 2004; definição de Diretrizes de Planos de Carreira; constituição dos planos de carreira dos setores que ainda não possuem; política salarial que recomponha as perdas históricas e acompanhe reajuste de acordo com a inflação anual. São mais de 10 anos sem reajuste e política salarial.
A greve nacional da categoria teve início no dia 2 de junho e alcança 75% da base de representação da CONDSEF, atingindo mais de 30 órgãos públicos pelo Brasil. Segundo Sérgio Mendonça, a política do governo prevê reajustes diferenciados para a categoria para diminuir as distorções no serviço público. Essa é a estratégia para esvaziar o movimento grevista que, se não atinge a totalidade dos SPFs, mostra força e chama a atenção da sociedade. A greve na Previdência também é forte, paralisando vários setores em todo o País. As entidades nacionais que representam os trabalhadores continuarão a mobilizar a categoria. O calendário de mobilizações prevê, entre outras deliberações, que os SPFs que não estão em greve devem começar a paralisar as atividades. No próximo dia 7, os SPFs fazem outro Dia Nacional de Lutas e Mobilização, com indicativo de paralisação das atividades.