Os países que integram a Organização dos Estados Americanos (OEA) conseguiram uma vitória significativa com relação às pretensões dos Estados Unidos de implantar um sistema de ingerência nos assuntos internos dos povos latino-americanos. A “supervisão” sugerida pelos EUA foi rechaçada em nome de uma proposta que prevê a iniciativa dos Estados de pedir ajuda à Organização quando enfrentarem instabilidade interna. Bolívia, Brasil, Chile, Peru e Colômbia estão entre os signatários do novo documento, que substitui o apresentado pelos EUA.
Durante a Assembléia Geral da OEA, que está acontecendo na Flórida, o Brasil protestou contra a ausência de Cuba na Organização. O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o Brasil considerava uma “anomalia” a ausência de Cuba.
O presidente norte-americano George Busch discursou durante 15 minutos na Assembléia, defendendo a proposta de seu país, sem sucesso. Entre algumas “pérolas”, o presidente dos EUA afirmou que o continente está entre duas possibilidades: reafirmar o valor da democracia ou seguir “o caminho do medo, atirando um vizinho contra o outro e culpando outros pelo seu próprio fracasso em atender às necessidades de sua população”. Ironia, para não dizer pior, vindo do presidente de um país que semeou as ditaduras mais sangrentas do continente no século passado, e uma clara mensagem às iniciativas de independência da órbita geopolítica norte-americana na região.
“A democracia não pode ser imposta”, foi a resposta de Celso Amorim. Amorim deixou claras as discrepâncias na política externa adotada pelo Brasil em relação a que é praticada pelo governo dos Estados Unidos, e salientou a questão social como um dos principais focos da discussão sobre a situação dos países do hemisfério.