O último 29 de maio, domingo, foi dia de lembrança e comemoração. Os petroleiros festejaram os 10 anos da greve de 30 dias que marcou a derrubada das pretensões de privatização da Petrobras, maior estatal brasileira, estratégica para o fornecimento de energia para o País. Centenas de petroleiros foram demitidos em função da greve. Muitos foram afastados da Petrobrás, mas o empenho dos trabalhadores garantiu a manutenção da empresa sob controle nacional.
Tudo começou com a ocupação da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão. O presidente era Fernando Henrique Cardoso, o mesmo que volta à cena política para denunciar os erros da administração do presidente Lula. O presidente da CUT na época, hoje deputado federal, Vicente Paulo da Silva [PT], lembrou o apoio dos sindicatos, dos trabalhadores e da população para evitar um crime contra o patrimônio de todos os brasileiros.
Os petroleiros foram readmitidos após a aprovação da Lei 10.590, de autoria do deputado federal Luciano Zica [PT]. O texto da lei encaminhada ao Congresso Nacional havia sido redigido no Congresso dos Petroleiros. “Foi aprovado, sancionado e transformado em lei pelo presidente Lula, que honrou sua palavra. Já os tucanos, têm a marca de fazer acordo e não cumprir. Lembro que tínhamos a cópia do acordo assinado pelo ex-governador Franco Montoro de que as punições seriam revistas quando terminada a greve. Fernando Henrique vetou”, condenou o parlamentar. Para Zica, aquele foi um momento chave na luta pela afirmação do patrimônio público: “ali começou a derrota da política de desmonte do Estado nacional, do pavão embriagado na vaidade e na arrogância”. Ele e outros parlamentares lembram também que foi uma vitória contra a tentativa de desmonte do sindicalismo nacional, atacando um dos ramos mais combativos e representativos, o dos petroleiros.
Reação
Combate às multinacionais
Então coordenador da Federação Única dos Petroleiros, o secretário de Comunicação da CUT Nacional, Antônio Carlos Spis, fez um resgate da greve, denunciou a campanha suja orquestrada pela imprensa – principalmente do Rio de Janeiro – e da profunda desmoralização que causou no governo. Um dos momentos mais importantes, declarou Spis, foi quando anunciaram a demissão dos cabeças do movimento e a categoria se somou, assinando do próprio punho mais de 17 mil demissões coletivas. “Demonstramos que com união e mobilização era possível enfrentar e derrotar aquele crime de lesa-pátria. É um ensinamento que fica para o hoje, quando temos de ampliar a pressão do campo popular para combater o reacionarismo e a direita que querem manter a política entreguista das nossas riquezas”, condenou Spis.
Conforme esclareceu o dirigente cutista, uma das conseqüências da quebra do monopólio foi o crescimento dos petroleiros terceirizados [mais de 120 mil], a vulnerabilidade da segurança no trabalho e o distanciamento da auto-suficiência, que só volta agora no governo Lula. “Contra a sanha das multinacionais, temos de retomar as mobilizações. É inadmissível que a Petrobras continue ofertando o mapeamento nacional, os estudos geológicos, etc. Oferecer áreas na Bacia de Campos é o mesmo que o comprador abrir uma sala e tirar de dentro dela muitos lingotes de ouro; é investimento sem risco. Por décadas a Petrobras foi impedida de reinvestir seu próprio lucro e agora, com um governo democrático e popular, o que temos que fazer é exigir a priorização de empresas estratégicas e rentáveis Quem tem petróleo não abre mão e quem não tem, o busca até com guerras. Abrir mão de reservas de petróleo é burrice”, enfatizou Spis.
Com informações da Fenajufe e da Agência CUT
