Ontem, no Dia Nacional de Paralisação e Luta, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), a Federação dos Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra) e outras entidades foram às ruas para dizer em alto e bom som que é preciso mudar a cara da Universidade Brasileira.
“A Universidade Brasileira tem que ter a cara do povo brasileiro. Por isso, temos que aprovar a Reserva de Vagas, a expansão da rede pública. Não vão ser os tubarões de ensino nem os setores conservadores que irão fazer isso. Somos nós, nas ruas, que vamos garantir uma nova universidade!”, disse o presidente da UNE, Gustavo Petta, do alto do carro de som para milhares de estudantes que ocuparam a Avenida Paulista, na manhã desta quarta-feira, 06/04.
A UNE apóia a proposta de Reforma Universitária apresentada pelo MEC, mas faz algumas ressalvas ao projeto, que precisa ser aprimorado em alguns pontos. Entre os principais está a inclusão de um Plano Nacional de Assistência Estudantil que auxilie o aluno, depois de entrar na universidade, a permanecer no ensino superior e que melhore as moradias estudantis e os restaurantes universitários; a expansão de vagas nos cursos noturnos das instituições públicas de ensino; a participação paritária nos conselhos das universidades de alunos, professores e funcionários; e uma Nova Lei de Mensalidades, que empeça os aumentos abusivos e cria condições reais para que os estudantes possam negociar o reajuste das mensalidades.
O Presidente da UNE, Gustavo Petta, foi enfático ao exigir que o governo não recue diante das pressões dos setores conservadores e apresente a proposta de Reforma Universitária. “Lula vai ter que cumprir o seu dever histórico de mudar a Universidade Brasileira”.
Na Avenida Paulista: hoje a rua foi dos estudantes
Em São Paulo, cerca de 3 mil estudantes tomaram as principais avenidas a capital em defesa da Reforma Universitária. A manisfestação contou com a presença das principais lideranças estudantis paulistas, como a Presidente da UEE-SP (União Estadual de Estudantes de São Paulo), Renata Lemos, a Presidente da UPES (União Paulista dos Estudantes Secundatistas), Aline Mastromauro, o Presidente da UMES-SP (União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo), Gabriel Alves, além do Presidente da UNE, Gustavo Petta, e do Presidente da UBES, Marcelo Gavião.
Ao som de palavras de ordem e de muita animação, os estudantes paulistas mostravam sua força na luta pela Reforma Universitária, e reivindicaram que as propostas pautadas no Anteprojeto formulado pelo MEC sejam incorporadas também nas universidades estaduais, uma vez que o Anteprojeto atinge apenas universidades federais.
Além disso, os estudantes pediram expansão de vagas nas universidades públicas estaduais, com reserva de 50% das vagas para estudantes oriundos de escola pública. Outro ponto abordado foi a posição contrária à abertura de novas unidades da Febem.
A Febem (Fundação Estadual do Bem-estar do Menor) atende em todas as suas unidades, em torno de 18 mil jovens infratores no Estado de São Paulo. Desde o início de 2005, mais de 20 rebeliões e 37 em massa aconteceram nas unidades, com rendição de funcionários e fuga de internos. Por causa de denúncias de tortura dentro das unidades, no mês de janeiro, houve o afastamento e prisão de monitores. No entanto, em março, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, apresentou um programa de reestruturação que pretende investir R$53 milhões de reais para construir 41 novas unidades da Febem em cidades do interior.
“Nós somos contra a construção de novas unidades da Febem, pois essa instituição hoje é uma verdadeira escola do crime. O jovem entra lá por roubar um tênis, e sai sequestrador ou traficante. A Febem não resolve o problema da violência e da criminalidade da juventude. O que resolve é a educação, o acesso à universidade e à cultura”, disse o presidente da UBES, Marcelo Gavião.
Os estudantes paulistas finalizaram sua grande e pacífica passeata em frente à Secretaria Estadual de Educação, onde tentaram ser recebidos pelo Secretério, Gabriel Charita, que mais uma vez, não atendeu à solicitação democrática dos estudantes. Em protesto, os estudantes destruíram um boneco, que representava o Governador Geraldo Alckmin, e cantaram o Hino Nacional brasileiro.
Estudantes mineiros contra os tubarões
A UEE-MG organizou, em conjunto com os DCEs e DAs das PUCs Contagem e Coração Eucarístico, a manifestação que teve início na PUC-Contagem (foto ao lado), onde o DCE e os DAs organizaram um irreverente desfile com alas, pautando as principais bandeiras do Movimento Estudantil defendidas no âmbito da Reforma Universitária: democracia na educação; regulamentação e qualidade no ensino pago; democratização do acesso e permanência. O último bloco foi um cortejo de caras pintadas, que realizou enterro simbólico de um tubarão, representando os empresários da educação.
A partir das 10h, os estudantes de Contagem foram para a PUC do Coração Eucarístico, em Belo Horizonte, onde iniciou-se um arrastão que garantiu mobilizações momentâneas e enterros simbólicos do tubarão nos diversos prédios da universidade.
Encerrado o ato, os estudantes da PUC iniciaram a mobilização das atividades do turno da tarde e da noite. Mas em Minas, enterro de tubarão não foi só na capital: houve atos e debates em todas as regiões do estado. A vice-Minas da UNE, Patrícia Cunha, garantiu a mobilização de uma galera da UFU, além de três universidades particulares que se reuniram em um grande ato no centro de Uberlândia. Houve ainda debates acerca da Reforma Universitária com representantes da UEE-MG na FAFEID, em Diamantina, na UFSJ, em São João Del Rey, na UNIVAS, em Pouso Alegre e na UNILESTE, em Coronel Fabriciano.(Saiba mais sobre o ato em Minas Gerais)
Estudantes paralisam atividades na Ufam por uma hora
Em Manaus, a chuva não impediu os estudantes de pararem as aulas para defender a realização de uma Reforma Universitária democrática no país.
Para o presidente da União Estadual dos Estudantes do Amazonas (UEE/AM), Júlio Salas, o ato em defesa da universidade começou na semana passada, quando as entidades que organizaram a paralisação entraram nas salas de aula explicando o fechamento do Campus. “A mobilização em sala de aula foi o ponto de artida para a paralisação. Considero que esta etapa foi mais importante que o ato em si”, declarou.
Na manifestação, a União Nacional dos Estudantes (UNE), União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes), União Brasileiras dos Estudantes (Ubes), Sindicato dos Metalúrgicos e Centros Acadêmicos fecharam o campus, por aproximadamente uma hora, até o início da chuva. “Depois não teve como continuar. O pessoal parou para ouvir, mas queria entrar por causa da chuva”, disse Salas, ressaltando que a manifestação criou um fato político e chamou atenção dos estudantes para a reforma universitária.
Espírito Santo na luta pela Reforma Universítaria
Cerca de 500 estudantes universitários e secundaristas invadiram a capital do Espírito Santo. A passeata, organizada pela UNE, UBES, UESES e UMES, teve sua concentração na Praça de Jucutuguara, às 8:30h da manhã. O ato contou com 03 momentos especiais e inéditos no Estado.
O primeiro aconteceu na própria praça, onde os estudantes fizeram uma grande roda, simbolizando a união de todos em defesa da educação brasileira. O segundo momento ocorreu no Centro de vitória, considerado também o centro histórico do município, palco de grandes manifestações, onde pela primeira vez na história do movimento estudantil capixaba, estudantes paralisaram a principal rua da capital deitando no chão, simbolizando a morte da educação superior na era FHC. Após 01 minuto de silêncio, os estudantes pularam exigindo mudanças no ensino superior brasileiro.
O terceiro e último momento, aconteceu no encerramento, onde a Diretora de UNE, Márvia Scárdua, a Diretora da UESES, Márcia Costa, juntamente com os DCE`S e grêmios presentes interviram a respeito da importância da Reforma Universitária para a soberania e desenvolvimento brasileiro, em seguida de mão dadas cantaram o Hino Nacional, simbolizando a defesa do nosso maior patrimônio nacional.(Saiba mais sobre o ato no Espírito Santo)
Ocupação Simbólica da UnB
Em Brasília, o Dia Nacional de Paralisação e Luta dos estudantes foi realizado com uma tomada simbólica da Universidade de Brasília (UnB) pela democratização do acesso ao ensino superior, que tem como principal proposta a reserva de vagas para alunos oriundos de escolas públicas. Também foi levantada a bandeira de criação de uma política de mensalidades para as Instituições Particulares, que impeça o aumento abusivo e a criação do Plano Nacional de Assistência à Educação. “Não dá para pensar em Reforma Universitária sem uma política de assistência ao estudante”, afirmou o diretor regional da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Brasília, Leandro Cerqueira.
Participaram do ato no Distrito Federal a UNE, com o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) e da Federação dos Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra).
“Este ato é uma resposta à reação conservadora daqueles que são contra a Reforma Universitária no Brasil. Não existe conquista sem pressão política, e a manifestação é uma pressão política para que o anteprojeto seja logo encaminhado ao Congresso e votado”, explicou Leandro. Ele ressaltou que a UNE é favorável à Reforma Universitária e considerou que a aprovação do projeto significará um ensino superior conectado com o país. “Não temos uma postura irresponsável de só criticar o governo. O que é bom nós apoiamos e só com a Reforma Universitária o Brasil será soberano e a universidade será para todos”, comenta Leandro Cerqueira.
Para o vice-presidente da Ubes em Brasília, Leandro Nunes, a manifestação nacional funciona como um efeito cascata. “Se todos pararem e protestarem, o barulho será maior. Quem não participa saberá que tem gente lutando por todos”, disse.
Santa Catarina marca presença no dia de Paralisação da UNE
Em Santa Catarina, o DCE – Unidavi de Rio do Sul realizou nesta terça-feira, 05/04, uma manifestação pública, iniciando a semana de luta em favor da Reforma que o Brasil precisa e os estudantes querem.
O curso de enfermagem, o mais caro da Unidavi com mensalidades que chegam à R$ 715,00 mensais, estava em peso na manifestação.
“A educação não pode ser encarada como serviço, e sim como direito, pois a educação não é um produto para ser comercializado. Temos a chance de revolucionar as universidades do Brasil e não podemos sentar e só ficar olhando a reforma acontecer, temos que participar!” afirma Vanderson Rodermel, presidente do DCE em seu discurso na manifestação.
“O estudante tem que participar desses atos, porque não vai ser o reitor que vai se mobilizar por nós”, afirma Fabio Horstmann, presidente do Centro acadêmico de Enfermagem.
A manifestação foi repetida à noite com a adesão de muitos acadêmicos da universidade que requerem uma educação de direito e não um serviço.
Vanderson Rodermel finalizou dizendo que “os tubarões estão tremendo de medo dos estudantes brasileiros, porque a maioria sabe o que quer! Todos que são contra a reforma universitária são contra o desenvolvimento nacional através da educação”, afirmou o presidente. (Saiba mais sobre o ato em Santa Catarina)
Fonte: Diário Vermelho