Por Marcela Cornelli
A França e a Rússia afirmaram que o novo projeto de resolução americano sobre o Iraque, apresentado formalmente ontem, não leva em conta suas exigências, enquanto o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmou que o texto não contém sua recomendação de que a transferência de poder a um governo interino iraquiano seja rápida.
O projeto prevê uma transferência gradual de autoridade a um governo interino iraquiano, mas não estabelece um cronograma para a entrega do poder político aos iraquianos. Além disso, o projeto americano mantém a Autoridade Provisória da Coalizão, que é liderada pelos EUA, no comando das operações no Iraque –até que haja eleições no país. A data das eleições também não foi especificada no texto.
A França, a Alemanha e a Rússia defendem uma rápida transferência de poder aos iraquianos. O chanceler francês, Dominique de Villepin, chegou a afirmar que isso poderia ser feito até o final deste ano.
Na primeira reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir o projeto, o representante da França disse que o novo texto não corresponde às expectativas de Paris no que se refere a questões-chave, como a criação de um papel central para a ONU no Iraque e o lançamento de um processo político no país, o que lhe daria mais estabilidade.
O embaixador russo na ONU, Serguey Lavrov, disse que Moscou ainda estava estudando o novo projeto de resolução, mas salientou que a posição russa é clara. “Pensamos que devemos dar à ONU um papel de liderança no processo político. Trabalhando com os iraquianos, ela poderia criar um cronograma claro, que levaria à restauração da soberania iraquiana”, declarou Lavrov.
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse, na semana passada, que o processo de concepção da nova Constituição iraquiana poderia demorar seis meses. Antes disso, segundo ele, os EUA continuariam a comandar o processo político no país.
Fonte: Folha de São Paulo On Line