É crescente a participação das mulheres no mercado de trabalho, no entanto, elas ainda enfrentam as maiores taxas de desemprego e continuam, em média, com rendimentos menores que os homens.
As conclusões são de um estudo elaborado pelo Dieese [Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos], especialmente para o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. Outro dado do trabalho é o aumento expressivo da importância da renda da mulher para a manutenção das famílias brasileiras.
O período abrangido pelo trabalho são os anos de 1998 e 2004 e os triênios 1998-2000 e 2002-2004. A maior parte dos dados é da Pesquisa de Emprego e Desemprego [PED], realizada pelo Dieese e a Fundação Seade nas regiões metropolitanas de São Paulo, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre e no Distrito Federal, em convênio com o Ministério do Trabalho e Emprego e instituições regionais.
Taxa de participação
De acordo com o estudo, em 2004, em comparação a 1998, a participação feminina no mercado de trabalho chegou a crescer até 13,4% na Grande Belo Horizonte. Nas regiões metropolitanas de São Paulo aumentou 9,3%, no Distrito Federal, 8,0% e em Salvador, 5,7%. No mesmo período, para os homens, as taxas de participação praticamente não se alteraram ou decaíram.
Apesar do crescimento da participação feminina nos mercados de trabalho metropolitanos, a presença masculina ainda é predominante. A Região Metropolitana de São Paulo tinha, em 2004, o maior engajamento masculino na força de trabalho [73,%] e a de Recife, o menor [62,5%].
Desemprego
O estudo mostra que estar mais presente no mercado de trabalho não significa, necessariamente, ter sucesso na obtenção de um posto de trabalho. As taxas de desemprego feminino são sempre superiores às dos homens. Em 1998, as mulheres representavam mais da de dos desempregados das seis regiões pesquisadas pela PED. Depois de vários anos de baixo crescimento econômico, com elevação do desemprego, a situação se agravou, mesmo com a melhora do mercado de trabalho em 2004. No Distrito Federal, em 2004, a proporção de mulheres entre os desempregados chegou a 56,7%.
Em quatro das regiões pesquisadas, as taxas de desemprego entre as mulheres cresceram mais que a dos homens, comparando 1998 e 2004.
Contratação e ocupação
Com a crescente entrada no mercado de trabalho, em um ambiente de baixo crescimento econômico e de postos de trabalho, a mulher está mais sujeita a contratações vulneráveis, sem proteção e direitos garantidos por lei, o que pode ser explicado por sua presença no emprego doméstico. Em todas as regiões pesquisadas pela PED, a presença feminina nesse tipo de emprego é superior a 15%.
É importante, no entanto, frisar, que em relação a 1998, 2004 representou ligeira redução da participação feminina neste tipo de trabalho. A maior parte das mulheres está hoje empregada no setor de serviços, assim como os homens.
Rendimentos
Quando ocupada, outro problema para a mulher é a diferença de remuneração em relação aos homens. Na Região Metropolitana de São Paulo e no Distrito Federal, localidades com os maiores rendimentos médios por hora, as mulheres receberam cerca de 22% a menos que os homens, em 2004. Quando a informação é comparada a 1998, houve aparente melhora, mas a situação é, na verdade, conseqüência da redução dos rendimentos masculinos no período.
Mulher e família
O número de famílias chefiadas por mulheres vem aumentando bastante nas últimas duas décadas. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios [PNAD], do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], os lares chefiados por mulheres cresceram 72,%, entre 1993 e 2003. Em 2003, as famílias chefiadas por mulheres eram 28,8% do total. A PED também registra o crescimento do número de mulheres chefes de famílias nas regiões metropolitanas.
A maior parte das mulheres que ocupam a chefia das famílias são responsáveis por um arranjo familiar onde não há presença do companheiro, pode ou não haver filhos, pode ou não contar com outros membros [pais, irmãos etc.], ainda que, obrigatoriamente, tenha mais de um integrante e que é denominada de monoparental. No triênio 1998-2000, de 13,9% a 19,9% das famílias, conforme a região, encontravam-se nessa condição e esses percentuais subiram para 15,5% a 21,5% no triênio 2002-2004.
Em todas as regiões analisadas pela PED, a contribuição da renda feminina nas famílias monoparentais chefiadas por mulheres era superior a 50% no período 2002-2004. As famílias chefiadas por mulheres têm a situação mais vulnerável devido à menor renda per capita.
Fonte: Fenajufe, com informações do Diesse