Por Marcela Cornelli
O G-22, grupo formado por países em desenvolvimento para defender interesses agrícolas e combater subsídios ao setor, realizou nesta quinta-feira, sua primeira reunião em Genebra, para discutir uma estratégia conjunta depois do recente fracasso da reunião ministerial da OMC em Cancún (México).
O heterogêneo G-22, liderado por Brasil e Índia, decidiu participar “construtivamente” do processo, partindo “do ponto em que deixou Cancún”, disse um embaixador que participa da reunião.
O problema é que há total concordância entre os países membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre o que foi decidido em Cancún, já que posições foram tomadas de última hora e não foram incluídas no documento elaborado pelo presidente da conferência e chanceler mexicano, Luis Ernesto Derbez.
Um exemplo disso, foi a série de modificações feitas por países do G-22 no texto sobre agricultura elaborado por Derbez, que não chegou a ser incorporada ao mesmo.
A recusa da maioria dos países em desenvolvimento presentes em Cancún em aceitar a negociação dos assuntos de Cingapura (entre eles a facilitação do comércio e a transparência nas compras governamentais) causou o fracasso da reunião antes que os ministros pudessem voltar a discutir as questões agrícolas.
Por outro lado, a União Européia, que inicialmente insistira em negociar os quatro assuntos de Cingapura, aceitou, diante da oposição encontrada por parte do mundo em desenvolvimento, deixar de fora as questões mais polêmicas – investimentos e política de concorrência -, embora esperasse a troca concessões em outros setores.
Porém, essa flexibilização das posições iniciais da UE, anunciada no último momento em Cancún pelo comissário europeu de Comércio, Pascal Lamy, também não consta em nenhum documento oficial.
Mesmo com as diferenças internas, os países do G-22, alguns mais radicais – como Brasil, Argentina e Índia – e outros menos – como Costa Rica e Peru – concordaram hoje em apoiar o modo de funcionamento pós-Cancún decidido pelo presidente do Conselho Geral, Carlos Pérez del Castillo.
Pérez del Castillo atualmente está em contato com os diferentes grupos de países para informá-los e obter apoio para seu projeto.
O representante pretende realizar na próxima semana em Genebra uma reunião informal do Conselho Geral, na qual os países tentariam encarrilhar o trem que descarrilou em Cancún.
O G-22 é integrado, além do Brasil, por Argentina, Bolívia, Chile, China, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Egito, Filipinas, Guatemala, Índia, Indonésia, México, Nigéria, Paquistão, Paraguai, Peru, África do Sul, Tailândia e Venezuela.
Fonte: Site Último Segundo