Por Imprensa
Os moradores da aldeia iraquiana de Saqlawiya, na periferia da cidade rebelde de Faluja, disseram em entrevista à rede árabe de TV Al Jazira, neste domingo, que esperam poder sepultar 73 mulheres e crianças da aldeia, queimadas até a morte por bombas americanas.
“Nós os enterramos aqui, mas não pudemos identificar (os corpos), porque eles estavam carbonizados pelas bombas de napalm usadas pelos americanos”, declarou um morador à rede de TV. Segundo a testemunha, os cadáveres foram enterrados em uma vala comum.
Al Jazira registra que não há registro do uso de napalm em Faluja nem houve verificação independente dos fatos. Esta arma química foi largamente empregada pela aviação estadunidense durante a Guerra do Vietnã, mas, depois do clamor dos protestos que suas queimaduras despertaram, deixou de compor o arsenal em uso pelo Pentágono.
Em Faluja, as tropas americanas concitaram alguns moradores que tinham deixado a cidade, fugindo dos combates, a retornarem para ajudar a sepultar os mortos. Testemunhas citadas pela Al Jazira afirmam que há centenas de corpos nas ruas, servindo de alimento a matilhas de cães sem dono.
No entanto, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que Faluja continuava perigosa demais para permitir a recuperação e o sepultamento dos corpos. “Não podemos entrar na cidade de Faluja devido às medidas de segurança e à continuidade dos combates”, disse o jordaniano Muain Qasis, porta-voz da Cruz Vermelha.
Indagado sobre as medidas de segurança, Qasis declarou: “Para podermos realizar uma ação humanitária e aceitável, precisamos ter garantias de segurança da equipe humanitária”.
“A situação em Faluja é muito difícil. A cidade ainda está sofrendo o colapso dos serviços públicos. Não há meio de se oferecer tratamento médico às famílias ainda sitiadas no interior da cidade”, agregou ele.
O exército americano anunciou que libertara 400 dos 1.450 iraquianos que prendeu na cidade sitiada. “Mais de 400 detidos foram libertados, depois de considerados não-combatentes”, disse a fonte militar, agregando que outros cem deveriam ser libertados no domingo.
A cidade de Faluja, com 300 mil habitantes, 50 km a oeste de Bagdá, escapou ao controle dos ocupantes e do governo pró-americano de Bagdá há pouco menos de oito meses. Desde então, as tropas de ocupação têm alternado ataques e tréguas, negociações e acordos visando retomar o controle de Faluja.
Fonte: Portal Vermelho