Servidores e magistrados estão trabalhando mais tempo desde que começaram a exercer suas atividades de forma remota durante a pandemia, sentem-se mais cansados e com piora do humor. Além disso, cerca de 2% foram diagnosticados com covid-19 e outros 3,6% acham que foram infectados pelo novo coronavírus, mas não fizeram exame.
Os dados constam da pesquisa sobre a saúde mental de servidores e magistrados durante a pandemia divulgada semana passada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Foram ouvidos 46.788 magistrados e servidores do Judiciário Federal e dos tribunais de justiça estaduais entre 1º e 15º de julho.
De acordo com o levantamento, 47,8% declararam se sentir mais cansados do que antes da quarentena; 42,3% tiveram piora no humor e 48% tiveram alteração na rotina do sono. Entre os que responderam, 75% estão em trabalho remoto integral e 18% em trabalho remoto predominantemente.
Embora 46% tenham afirmado que receberam o mesmo volume de trabalho de antes da pandemia, 48% disseram que dedicam mais horas do dia ao trabalho. Outros levantamentos feitos pelos tribunais mostram que a produtividade do Judiciário durante a quarentena aumentou.
Trabalho presencial sem segurança
A pesquisa também indagou de servidores e magistrados que medidas consideram necessárias para garantir a segurança na retomada do trabalho presencial.
Mais de 68% responderam que é preciso que os tribunais forneçam máscaras, álcool gel e outros itens de proteção individual. O sentimento predominante entre os servidores, porém, é que só há segurança para voltar ao trabalho presencial quando a pandemia estiver controlada e que as medidas tomadas até agora pelos tribunais são insuficientes para evitar o risco de contaminação.
Outras medidas apontadas foram: a manutenção do trabalho remoto para quem é do grupo de risco e para quem mora com pessoas do grupo de risco, a testagem de todos os servidores e magistrados antes da volta ao expediente presencial e o rodízio entre servidores que trabalham no mesmo ambiente.
Ansiedade e depressão
A pesquisa sobre a saúde mental de servidores e magistrados durante a pandemia foi apresentada durante o 3º Seminário Nacional sobre a Saúde dos Magistrados e Servidores do Poder Judiciário, organizado pelo CNJ. As duas edições anteriores foram realizadas no ano passado.
Segundo o CNJ, os transtornos mentais são a quarta maior causa de ausências ao trabalho no Judiciário. Em 2018, foram 18.716 ocorrências de falta ao trabalho, ou 10% das faltas por motivo de doença. Ansiedade e depressão foram os problemas mais relatadas por servidores e magistrados.
O Sintrajusc contratou o médico do trabalho Roberto Ruiz para assessorar e subsidiar a direção nas discussões já em curso nos tribunais sobre a possibilidade de retorno ao trabalho presencial. O assunto será discutido nesta terça-feira (1º/9), às 19 horas, em conversa ao vivo com o tema “Saúde dos servidores e pandemia” pelo canal no Facebook facebook.com/sintrajusc.sindicatodostrabalhadores