A imprensa registrou a forte reação do funcionalismo público à declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, em evento da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “O hospedeiro está morrendo, o cara (servidor público) virou um parasita. O dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático”, disse ele. Em reposta, entidades representativas de servidores, entre elas a Fenajufe, articularam-se para estudar medidas jurídicas por assédio institucional.
Nesta segunda-feira (10), o ministrou pediu desculpas por ter se expressado “mal”. A desculpa apareceu diante das indicações de que dificilmente a reforma administrativa será aprovada neste ano se o ministro da Economia, segundo o Correio Braziliense, “não sair de cena” e deixar as negociações a cargo dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Entre outras medidas, o governo pretende acabar com o que chama de “penduricalhos” e reajustes de salários retroativos. Guedes classifica como “penduricalhos” as promoções e progressões exclusivamente por tempo de serviço. A reforma também permite a contenção de gastos por dois anos em caso de crise financeira, com a proibição de realização de concursos e redução de 25% da jornada e do salário dos servidores.
O pedido de desculpas de Guedes soa como mais uma cortina de fumaça, porque o governo promete para esta semana o envio, ao Congresso, do texto com as novas regras para regular o desempenho funcional dos servidores. Entre outras mudanças, planeja-se acabar com a estabilidade no serviço público federal. A aprovação da reforma da Previdência, extremamente nociva para os trabalhadores, e as propostas de emenda constitucional para 2020 mostram que a posição do governo contra os servidores e os serviços públicos não é ocasional. São, sim, ataques sistemáticos, parte de um projeto de governo que não pode ser ignorado diante de um pedido de desculpas que é um mero “penduricalho”.