A redução da jornada de trabalho para que novos postos sejam criados tem opiniões divergentes nas discussões em torno da Reforma Trabalhista, que está no Congresso Nacional. Os argumentos apresentados pelo ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, apóiam a redução sem cortes nos salários. Os empresários afirmam que isso aumentaria o desemprego e os preços. Numa das poucas audiências públicas realizadas pela comissão especial que discute o assunto na Câmara, Berzoini disse que seria necessário tratamento diferenciado para pequenas e microempresas. Esse é o tema central da reforma trabalhista que será uma das prioridades do governo no ano que vem.
Para o ministro, o debate precisa ser mais apurado em três níveis. O primeiro é o microeconômico e se refere ao impacto na produtividade da empresa. O segundo é o político-social, ou seja, a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a possibilidade de ganhos sociais com o maior tempo livre para investimento em educação. Finalmente, o debate deve ser feito ainda no âmbito macroeconômico, para uma análise de quais serão os ganhos do país pelos reflexos na produtividade. Berzoini afirmou que a redução da jornada é uma tendência internacional nos países desenvolvidos. Ele cita exemplos de países que diminuíram a carga entre 1979 e 1994: Canadá (3,6 horas), Espanha (5 horas), Japão (3,8 horas) e Reino Unido (2,3 horas). “Isso revela que existe uma tendência”, afirma. “Não é padrão, mas uma tendência”, esclarece.
A Reforma Trabalhista caminha a passos lentos no Congresso Nacional. No primeiro semestre apenas alguns debates, mas nada concreto. Também não há esperanças para o segundo semestre, que deverá ser fraco no Legislativo por causa das eleições municipais em outubro. Um dos exemplos da complicação de aprovar a reforma ainda neste ano é o próprio presidente da comissão especial que discute o assunto na Câmara: o deputado Vicentinho (PT-SP). Ele é candidato à prefeitura da cidade de São Bernardo do Campo. (Fonte:
Diário Vermelho)