Um dos maiores produtores de feijão do país, Norberto Mânica, foi apontado pela Polícia Federal como o mandante do assassinato dos fiscais do Trabalho em Unaí (MG). Mânica é um dos fazendeiros mais multados pelo Ministério do Trabalho por irregularidades trabalhistas e segundo as investigações, Nelson José Silva, um dos mortos e tido como rigoroso profissional chegou a multar Mânica em R$ 2 milhões por contratação irregular de trabalhadores.
O assassinato de três fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho ocorreu em janeiro. Eles foram mortos em emboscada durante o serviço. E enquanto a PF trabalha para chegar ao mandante do crime, no município prossegue o aliciamento de mão-de-obra que era combatido pela equipe. No centro da cidade é comum ver desempregados chegando de municípios vizinhos e de outros estados para trabalhar nas fazendas da região. Entre os lavradores, há até menores de idade.
Em nota oficial a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) denuncia o assassinato de lideranças sindicais:
(…) “A violência contra os servidores da DRT/MG não é um fato isolado do município de Unaí. Nos últimos anos muitos sindicalistas que lutam pela reforma agrária, pelo fim do trabalho escravo e por justiça no campo têm sido perseguidos e assassinados. Outros constam de uma lista macabra de cidadãos marcados para morrer.
A Contag espera que a mesma diligência que foi adotada pela Polícia Federal no caso de Unaí seja empregada para descobrir os assassinos e os mandantes dos líderes sindicais, que continuam sendo perseguidos e assassinados no campo. Os latifundiários continuam agindo como se eles estivessem acima das leis. Os crimes contra os trabalhadores e as trabalhadoras rurais, infelizmente, são apoiados pelas lideranças políticas locais e, muitas vezes, contam com a conivência do próprio Poder Judiciário”. (Fonte: Informativo Diário da CUT/RJ)