Um dos debates mais polêmicos da II Cúpula Indígena das Américas, que reúne nesta semana representantes de nações indígenas de 20 países dos três continentes americanos – com predominância dos países amazônicos e andinos – está sendo a relação com os organismos multilaterais enquanto instrumentos de garantir direitos e facilitar o desenvolvimento social e econômico dos diversos povos indígenas.
Para a Coica (Coordinadora de las Organizaciones Indigenas de la Cuenca Amazonica), uma das principais entidades indígenas latino-americanas e organizadora da Cúpula de Quito – que começou oficialmente na noite de quarta-feira (22) -, as Nações Unidas são um espaço fundamental para possibilitar a implementação de algumas demandas universais dos povos indígenas mundiais, como direitos humanos, preservação do meio ambiente, garantia e respeito aos conhecimentos ancestrais, à propriedade intelectual, aos recursos naturais e a territórios. Neste sentido, a organização considera importante o trabalho do Fórum Permanente para Questões Indígenas da ONU, instância que vem participando ativamente da construção de uma Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas das Nações Unidas, apesar de reconhecer as suas limitações.
“Desde que começamos a nos mobilizar junto à ONU na América Latina, em 1992, não tivemos grandes avanços no tocante à Declaração, mesmo porque, de 40 páginas de demandas e recomendações elaboradas por nós, chega apenas uma nos relatores finais. E desta página, eles aproveitam alguns parágrafos. Mas pelo menos a discussão dos nossos direitos foi levada ao mais alto nível da ONU”, diz Antonio Caracas, membro da Coica na Colômbia. (Fonte: Agência Carta Maior)