Apesar de todos os esforços para combater esta prática, a violência doméstica contra a mulher continua apresentando altos índices de incidência no país. Segundo documento da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, cerca de 300 mil relatam serem agredidas fisicamente por seus maridos ou companheiros a cada ano. Mais da metade de todas as mulheres assassinadas no Brasil foram mortas por seus parceiros íntimos.
Estudos realizados com homens também evidenciam uma situação preocupante. No Rio de Janeiro, uma pesquisa publicada em 2003 revelou que 25,4% dos maridos afirmam já ter usado violência física contra sua parceira. Partindo deste cenário, uma campanha nacional coordenada pelo Instituto Patrícia Galvão, que deve ser lançada em novembro, pretende combater o problema por meio do diálogo com o homem agressor e do atendimento a ele.
A proposta é colocá-lo no centro do debate sobre a violência doméstica contra a mulher. Até hoje os esforços estavam focados nas vítimas. A discussão girava em torno de aumentar ou diminuir as penas dos agressores, encarando a punição como a solução, ou de simplesmente melhorar os serviços de atendimento à mulher, como as casas-abrigos e as delegacias especiais. Outras campanhas sobre o tema sempre estimularam a denúncia por parte da agredida. No entanto, a mulher que denunciava muitas vezes não queria que o marido fosse preso, não queria desmanchar sua família.
“Por um lado é preciso fortalecer a mulher para que ela não se submeta e não ache que é natural sofrer a violência. Mas, por outro, elas querem que ajudemos seus homens a saírem da situação em que se encontram”, afirma a pesquisadora Raquel Moreno, colaboradora do Instituto Patrícia Galvão. “São homens até bons em alguns aspectos, algumas vezes companheiros, e existe um afeto entre eles. Mas, de repente, não resistem a uma série de pressões e conflitos e apelam para a violência. É um desejo das mulheres que os homens recebam orientação para modificarem sua atitude”, explica.
A campanha deve ser veiculada na TV, no rádio, em outdoors, adesivos e até em ímãs de geladeira. (Fonte: Agência Carta Maior)