Por Marcela Cornelli
Na tarde de ontem, realizamos como atividade de greve, um debate sobre a Reforma Sindical, com a presença do professor Valdir Perrini. No debate foram levantados pontos polêmicos do relatório do Fórum Nacional do Trabalho fechado em março deste ano. Para quem ainda não teve acesso ao documento, o relatório está disponível na página do Sindicato: www.sintrajusc.org.br no link Reformas Sindical e Trabalhista.
Foi discutido que a atual organização sindical apresenta alguns problemas, porém ficou claro que a proposta de reforma sindical que foi “consenso” no FNT e que o governo pretende levar à votação no Congresso Nacional só vem para enfraquecer os sindicatos e conseqüentemente retirar a força dos trabalhadores na sua batalha pela manutenção dos direitos, tão duramente conquistados em anos de lutas.
“A reforma sindical traz a reforma trabalhista embutida e é um retrocesso as direitos da classe trabalhadora”, disse o professor Perrini. “Se for para realizar as mudanças que o FNT está propondo, é melhor deixar tudo como está”, defendeu.
Para o professor, o dito “consenso” alcançado nas negociações no FNT entre patrões e empregados é algo a ser visto com desconfiança pelos sindicatos de luta e pelos trabalhadores. “Numa mesa onde estão sentados representantes de lados opostos da luta de classes e se ter um consenso me parece ser que devemos olhar com desconfiança. A tendência na luta de classes era de se haver um dissenso e não um consenso”.
Entre os pontos mais criticados do relatório do FNT a prevalência do negociado pelo legislado, foi um dos mais criticados.
Para o Diretor do Sintrajusc, Caio Teixeira, que participou da mesa do debate, a reforma que está sendo proposta no contexto atual da sociedade brasileira e mundial é inadmissível. “Podemos resolver problemas que existem na atual estrutura sindical, sem ter que adotar a proposta do FNT”, defendeu Caio. Para ele, o que se vê hoje na atual sociedade capitalista é a exploração feroz dos donos do capital sobre os trabalhadores. “Se vivemos numa luta de classes, com interesses antagônicos, não podemos acreditar em contos de fadas e achar que os donos do capital que detém o poder a mais de 500 anos vão ceder para os trabalhadores que sempre tiveram sua força de trabalho explorada”, observou. “Há anos os trabalhadores vêm levando balas nas costas. É reforma atrás de reforma. O ano passado nos atiram a reforma da Previdência. Nesse contexto não é possível sentar e colocar na mesa nossos direitos. Cabe a quem acredita que esta sociedade capitalista que ai está não representa o fim de tudo e que pode ser transformada lutar para que essa transformação ocorra de verdade”.
Também foi lembrado durante o debate que se projeto for levado à votação na composição atual do Congresso os trabalhadores sairiam perdendo e que a saída é barrar esta reforma através da luta e da organização da classe trabalhadora.
Da Redação