Por Marcela Cornelli
A Assembléia Geral da ONU aprovou nesta sexta-feira por ampla maioria uma resolução proposta pelos países árabes exigindo que Israel deixe de ameaçar política e fisicamente o líder da Autoridade Palestina, Yasser Arafat.
A resolução foi aprovada por 133 votos a favor, 4 contra – Estados Unidos, Israel, Micronésia e Ilhas Marshall – e 15 abstenções, neste fórum integrado pelos 191 membros da ONU.
O texto pede que “Israel, potência ocupante, desista de qualquer medida de deportação e deixe de ameaçar a integridade do presidente eleito da Autoridade Palestina”.
A resolução foi rejeitada esta semana pelo Conselho de Segurança com o veto dos Estados Unidos e levada à Assembléia Geral pelo Sudão, com a representação dos 22 países árabes da ONU e com o apoio dos Não-Alinhados.
Na Assembléia Geral não existe o direito a veto.
As autoridades israelenses evocaram abertamente nas últimas semanas a possibilidade de deportar e inclusive matar Arafat, a quem consideram responsável pelos atentados dos grupos palestinos radicais.
Durante a sessão da assembléia, o embaixador americano, John Negroponte, reiterou que seu país “não apóia nem a expulsão e nem eliminação” de Yasser Arafat, possibilidades evocadas abertamente pelas autoridades israelenses.
O embaixador palestino na ONU, Nasser al-Kidwa, perguntou “se a comunidade internacional encontrará a vontade coletiva para fazer respeitar (a Israel) a lei internacional”.
O representante cubano, Bruno Rodríguez, reiterou as críticas de Havana ao Conselho de Segurança, “esse órgão nada democrático que discrimina inclusive seus membros não-permanentes” e lembrou que os Estados Unidos recorreram 26 vezes ao direito a veto para bloquear resoluções condenatórias a Israel. “A integridade, inclusive a vida, do presidente Arafat, correm risco. Sua deportação ou prisão não seria um erro, mas um crime. Não seria um golpe nas esperanças de paz, mas um ato de guerra”, disse o embaixador cubano.
Israel considerou que a resolução aprovada nesta sexta-feira pela Assembléia Geral da ONU “nada significa”, como anunciou o porta-voz do primeiro-ministro israelense Ariel Sharon, Raanan Gisis.
A Autoridade Palestina se felicitou com a resolução, qualificando-a de uma “bofetada” para o Estado hebreu.
Da Redação com informações da BBC Brasil