Por Marcela Cornelli
No mês de abril – mês da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária – o MST promete uma onda de ocupações para pressionar o governo a cumprir as metas de reforma agrária. Nos últimos dias, grupos ligados ao movimento promoveram mais de 20 ocupações em cinco estados.
Apesar da ofensiva, não há rompimento com o governo Lula. Mas as pressões para que as promessas de assentamento de trabalhadores sem-terra sejam cumpridas devem aumentar. Este mês, o MST fará em uma onda de ocupações em todos os estados brasileiros, já que, segundo o movimento, a meta de 47 mil famílias assentadas ainda no primeiro semestre dificilmente será cumprida. O acirramento das ações dos sem-terra fazem parte Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária e do Dia Internacional da Luta Camponesa (17 de abril, data que marca o massacre de trabalhadores rurais de Eldorado dos Carajás, em 1996).
Nos últimos oito dias, o MST promoveu cerca de 14 ocupações em Pernambuco, 3 em São Paulo, o mesmo número no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, e 2 no Paraná, e promete mais para as próximas semanas. “Este ano, o governo não assentou uma única família da base do MST. Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), foram assentadas 4 mil famílias cadastradas – nenhuma das nossas, diga-se – e mais 11 mil estão para receber terras. O Incra utiliza o Sistema RB (Relação de Beneficiários), que o MST não reconhece”, afirma João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do movimento.
Segundo o dirigente, o Sistema RB cadastra as famílias e desapropria as terras condizentes, mas isso não significa que os agricultores estejam efetivamente assentados e ocupando seus lotes. “Muitas vezes os assentamentos demoram dois anos para se constituir no sistema RB. Não sei o que acontece. Tem recurso, tem terra e tem sem-terra, mas parece que eles não estão se encontrando”.
Apesar das pressões, o MST faz questão de frisar que “a luta é contra o latifúndio, não contra o governo”. Sobre as recentes declarações de que o movimento pediria a substituição do “time da reforma agrária” (Rolf Hackbart, do Incra, e Miguel Rosseto, do Ministério do Desenvolvimento Agrário), Rodrigues afirma que o MST ainda não está levantando esta bandeira.
Fonte: Agência Carta Maior