Por Marcela Cornelli
Os professores das universidade federais aprovaram um indicativo de greve nacional para abril, dentro da campanha salarial deste ano. A proposta foi decidida no 23º Congresso do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), encerrado na noite de anteontem, no Campus de Ondina, da Ufba. Reunindo 430 delegados de todo o País, o encontro também decidiu posição contrária à proposta de reforma universitária do governo, manter uma posição crítica em relação à CUT e aprofundar os estudos sobre a adoção de cotas para os afro-descendentes nas universidades federais.
A diretoria do Andes/Sindicato realizará uma série de atividades este mês para mobilizar a categoria na campanha salarial. Entre elas, haverá, no próximo dia 16, a realização de plenárias de professores e funcionários em separado em todos os Estados e, no dia 17, uma plenária nacional em Brasília, com a realização de uma manifestação pública para marcar o lançamento da campanha.
Os professores das universidades federais aprovaram no congresso que vão reivindicar uma reajuste salarial de 50,19%, referentes às perdas desde 1995. Na pauta de reivindicações com o governo federal também estarão a correção de distorções existentes nas carreiras e intracarreiras e a aprovação das diretrizes do Plano de Carreira.
REFORMA – O vice-presidente da entidade, José Domingues Godói, professor de Geologia da Universidade Federal de Mato Grosso, disse que o governo vem concedendo reajustes salariais abaixo dos índices inflacionários, mesmo em relação aos mais baixos. Em 2003, o reajuste foi de 1% e, este ano, pelo que foi anunciado, ficará em 2%. “Os índices inflacionários mais baixos indicam uma inflação o ano passado entre 7,5% a 9%”, afirmou Godói.
Em relação ao Plano de Carreira, o dirigente sindical informou que a entidade entregou uma proposta ao governo desde o início do ano passado, mas até o momento não houve resposta. Segundo ele, em 28 de maio do ano passado o governo criou uma comissão para estudar o assunto, que iria dar uma resposta inicial em setembro. “Os representantes do governo negociam, mas na hora de fechar uma proposta ficam enrolando”, criticou.
Sobre a reforma universitária, o congresso rejeitou as propostas de privatizar o ensino nas universidades federais. A entidade defenderá a reestruturação com base em alguns princípios. Entre eles, a manutenção e ampliação do ensino público e gratuito; autonomia e funcionamento democrático da universidade com base em colegiados e cargos de direção eletivos; estabelecimento de um padrão de qualidade para o ensino superior, estimulando a pesquisa e a criação intelectual e dotação de recursos públicos orçamentários suficientes para o ensino e a pesquisa nas universidades públicas.
CUT – Na discussão sobre a relação da Andes/Sindicato e a CUT, o plenário aprovou que a entidade continuará filiada à central, mas que terá uma posição crítica e analisará o comportamento dos seus dirigentes em relação ao governo Lula.
A proposta da diretoria da entidade contrária a adoção das cotas para afro-descendentes foi derrotada no congresso. Aprovou-se uma posição intermediária, onde os professores das universidades federais vão aprofundar a análise do tema durante o ano em seus respectivos Estados. “A entidade sempre teve uma posição histórica favorável à universalização da educação, incluindo a garantia de acesso dos negros e índios no ensino superior, por isso, a plenária não tomou uma decisão final sobre ascotas”,explicou José Domingues.
Fonte: ANDES