Por Marcela Cornelli
O presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Osasco e região (Secor), Gildeson Cardoso de Santana, conhecido por Gil, de 41 anos, foi assassinado ontem, por volta das 11h, com pelo menos seis tiros, na frente do enteado Pablo, de seis anos, e da mulher, Priscila Aparecida Monteiro da Cruz, de 23 anos, com quem vivia há seis anos.
Eles estavam no clube de campo do sindicato, no Parque Jandaia, em
Carapicuíba, região metropolitana de São Paulo, onde acontecia um campeonato de futebol feminino promovido pelo Secor em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje.
Gil é o terceiro dirigente sindical morto em menos de dois meses em São Paulo, segundo Edilson de Paula, presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT). No momento do crime, cerca de 300 pessoas estavam no clube.
Segundo Priscila, ela, o marido e o filho retornavam à quadra esportiva onde acompanhavam um dos jogos. Eles tinham ido ao bar do clube para pegar uma cerveja. Quando voltavam, um homem alto e magro, usando um capacete de motociclista, pulou um dos alambrados do clube.
“Com o barulho, Gil virou para olhar e já tomou o primeiro tiro na cabeça”, contou ela. “Ele só teve tempo de gritar (para mim): corre, corre”, lembra Priscila, que permaneceu com o filho a poucos metros do marido. O sindicalista foi atingido com outros três tiros no rosto e caiu. O assassino ainda continuou disparando nas costas dele, segundo a mulher. Com os tiros, as pessoas que estavam na quadra correram em direção ao casal. O criminoso atirou novamente, desta vez em direção à multidão – ninguém ficou ferido. O assassino fugiu numa moto, junto com um segundo homem que o esperava do lado de fora.
“Ergui a camiseta dele na tentativa de socorrê-lo e vi várias perfurações”, conta Priscila. Segundo ela, o sindicalista ficou caído no chão ainda com vida por pelo menos quatro minutos. “Mas não conseguiu dizer nada”, afirma. Priscila garantiu que ele não tinha inimigos e não recebeu nenhuma ameaça ultimamente. O menino Pablo – filho do primeiro casamento de Priscila – ficou em estado de choque. “Eu vi matarem meu pai”, repetia ele na casa de uma tia, em
Osasco, para onde foi levado por parentes. Segundo a mãe, o garoto
recusou-se a comer durante todo o dia e só chorava.
“O Gil foi executado. Não tenho dúvidas que foi um crime encomendado”, disse Osvaldo Joaquim dos Santos, secretário do sindicato. Momentos antes do crime, Santos saíra para comprar carne para um churrasco que seria feito logo após o campeonato. Valdemir Jesus dos Santos, o Carioca, um dos melhores amigos de Gil, estava
no clube no momento do crime. “Ele foi morto por inveja”, diz.”Não foi crime por motivo partidário ou sindical”, sustenta.
Fonte: Agência CUT e Diário de São Paulo