Como parte da programação dos 25 anos do Sintrajusc, comemorados em agosto, iniciamos uma série de entrevistas intitulada “Talentos do PJU em Santa Catarina”. A primeira é com Audrey Laus, servidora da Justiça Federal em Florianópolis, que se dedica à pintura. Quem é filiado e filiada e deseja também falar sobre a expressão artística que desenvolve pode entrar em contato com o Sindicato pelo telefone 48 9 91553230 (com WhatsApp).
CAudrey, como iniciou o seu interesse pela pintura?
Meu interesse começou muito cedo ao ver meu pai desenhar e pintar telas. As cores e formas se fundiam, chamavam-me a atenção e me faziam desejar entrar nesse universo.
Com o passar do tempo, como esse interesse mudou?
Como gostava também de literatura e passava minhas férias cercadas de livros, o direito foi o caminho profissional escolhido, o que de certa forma, por algum tempo, me afastou das práticas artísticas. No entanto, sempre estava às voltas com algum artesanato, que, de algum modo, me permitia o exercício da criatividade.
O que esse interesse e essa expressão artística significam em sua vida?
A expressão artística é essencial em minha vida. O foco e a necessidade de um fluxo no fazer artístico é uma forma de ativação de uma superconsciência; de meditar, para silenciar o turbilhão de pensamentos que às vezes nos enredam. R. G. Collingwood, um dos criadores da teoria expressivista da arte, afirma que arte é remédio para as patologias da consciência. Sendo expressão e catarse, a arte se transforma em meio de autodescobrimento. Por isso, para mim, não é passatempo, mas mecanismo de transbordamento dos desejos.
Você já fez trabalhos por encomenda e/ou exposições?
Sim, fiz exposições virtuais e também encomendas.
Como você encaixa esse interesse e essa expressão artística em sua rotina pessoal e profissional?
O fazer artístico integra minha vida nos horários de que disponho enquanto ainda trabalho. A despeito dos horários que dedico à Justiça Federal e às tarefas do dia a dia, sempre privilegio algum tempo para me dedicar ao desenvolvimento do desenho e pintura, mais especificamente, à aquarela.
Que artistas, filmes e músicas fazem você se lembrar de seu trabalho artístico ou representam o seu sentimento pela arte?
Esse fluxo de emoção e pensamento que se percebe na arte foi muito evidenciado no filme de Van Gogh (No Portal da Eternidade), onde o olhar diferenciado do artista para a natureza transformava o prosaico em explosão de cores e subvertia as formas. Além de Van Gogh, o americano Edward Hopper e o britânico David Hockney são os que mais impressionam, tanto pelo uso da cor, como na abordagem do humano nas suas obras. No cenário brasileiro, Luiz Zerbini é quem mais mais me surpreende pela atualidade dos temas que aborda e integração entre formas e paletas.
Dentre os autores, meus preferidos são Hermann Hess e Clarice Lispector, pela maneira como descortinam as emoções humanas de uma maneira tão original, e também Cristovão Tezza, pelo fluxo mental intenso que sempre projeta em seu discurso.