As servidoras Denize Pauletto (aposentada da JE), Lucia Haygert (aposentada da JT) e Ana Carolina Lucena Pinheiro (Oficiala de Justiça na JT) representaram o Sintrajusc no Encontro Nacional de Mulheres do Poder Judiciário da União e Ministério Público da União, realizado no dia 30 de novembro no Hotel San Marco, em Brasília, com a presença de cerca de 60 mulheres representando os sindicatos da base da Fenajufe de todo o Brasil. Confira abaixo o relato das atividades feito pelas participantes:
Relato do Encontro Nacional de Mulheres do PJU e MPU
O primeiro painel do encontro, “Conjuntura, relações de trabalho e atuação política e sindical da mulher”, teve como palestrantes Marilene Teixeira, doutora e pesquisadora em economia, relações de trabalho e gênero e participante da Marcha Mundial de Mulheres, e Juliana Iglesias Melim, professora de Serviço Social da UFES e militante do Movimento de Mulheres em Luta.
Marilene discorreu sobre o novo processo capitalista financeiro, cujos agentes mandam no mundo hoje. Colocou que, até os anos 70, o financeiro era apoio à acumulação produtiva. Agora a acumulação não mais se dá através de bens produzidos, e sim através do financeiro. O sistema financeiro controla os gastos do Estado para garantir o pagamento da dívida pública. Ao mesmo tempo em que o sistema financeiro combate o Estado, promovendo o desmonte de políticas sociais, ele vive parasitário nesse mesmo Estado. O sistema usa da moralidade e da religião para retirar do mercado de trabalho as minorias. As mulheres se dividem entre o trabalho produtivo e o reprodutivo. A financeirização quer que as mulheres fiquem apenas com o reprodutivo, atacando-as com moralismos e dogmas religiosos. Aponta que é necessário que os movimentos de mulheres se unam aos movimentos de outras minorias e com as organizações de trabalhadores para resistir e enfrentar esses ataques.
Juliana trouxe os dados levantados pela ONU Mulheres e destacou a importância da organização para a luta. Ressaltou que nos últimos anos têm sido as mulheres que mais resistiram aos retrocessos impostos pelos governos.
Houve um debate ao final do painel com ampla participação das representantes dos Estados.
Na fala de muitas colegas, foram recorrentes as cobranças que as mulheres sofrem com relação ao seu papel de mães, cobranças que os pais não recebem, e como muitas vezes são diminuídas como profissionais pelo fato de serem mães.
Foi indicada a participação, dia 5 de dezembro, das atividades data marcadas por todas as centrais sindicais.
No encerramento, tivemos um momento cultural com poemas maravilhosos da MC Debrete deixando as participantes emocionadas.
Na volta do almoço, Damelis Castillo, cantora e compositora venezuelana, coordenou uma vivência feminista de solidariedade e paz.
O segundo e último painel, “Violência: do assédio ao feminicídio”, trouxe Danieli Christóvão Balbi, professora doutora de comunicação e realidade brasileira da UFRJ, e Samanta Guedes, coordenadora do Sindicato dos Profissionais de Educação do RJ.
Danieli fez uma explanação de muito conteúdo sobre a conjuntura. Afirmou que o capitalismo é estruturado pelo patriarcado. E que não basta a explicitação do patriarcado, ele precisa se tornar hegemônico. O machismo se enraiza nas práticas sociais através dos silenciamentos, das interdições e das opressões. O fascismo é a fase detratória do capitalismo. Os espaços de poder conquistados pelas mulheres trouxeram uma desnaturalização da superioridade masculina e isso gerou uma resposta de ódio machista. Um exemplo foi a primeira presidenta no Brasil que colocou a centralidade masculina em cheque. As várias marchas de mulheres provocaram uma reação violenta. Mas, ao mesmo tempo, é a organização das mulheres que antagoniza com o fascismo. São essas organizações de mulheres as protagonistas da retomada do Estado Democrático de Direito.
Samanta tratou da violência doméstica contra as mulheres, fazendo inclusive um relato pessoal emocionado. Vários índices foram apresentados mostrando números assustadores e ressaltando que as mulheres negras são as mais atingidas no Brasil.
Seguiu um debate em que apresentamos os dados de SC e outras participantes também se manifestaram. Uma colega da Bahia também fez um relato pessoal. Algumas apresentaram experiências que seus núcleos de mulheres estão implementando nos estados.
Foi enfatizado por colegas diversas a necessidade de representação feminina nos sindicatos, bem como na FENAJUFE, pois devemos começar a praticar a isonomia de gêneros nas instituições que nos representam.
Após as palestras, houve distribuição em grupos de trabalho.
Os grupos deliberaram os seguintes encaminhamentos:
– Que a Fenajufe viabilize a implementação urgentemente do coletivo de mulheres, para execução das decisões do X CONGREJUFE e análise dos encaminhamentos discutidos no encontro.
– Que seja indicado aos sindicatos da base que, nas delegações para os eventos da Fenajufe, seja observada a paridade de gênero e raça.
– Que a entidade oriente os sindicatos a informar a população sobre a destruição dos serviços públicos sob a batuta do governo Bolsonaro.
– Que os sindicatos criem um espaço de acolhimento, de assessoria jurídica e psicológica em casos de assédio moral e violência doméstica.
– Que a Fenajufe realize um curso de formação anual com temáticas que dizem respeito às mulheres.
No final houve coquetel de confraternização. Foi um encontro muito rico tanto de informações quanto de troca com a realidade de outros Estados.
VEJA ABAIXO O CALENDÁRIO DE LUTAS APROVADO E AQUI O MANIFESTO:
2 a 6/12/2019 – Semana de agitação e panfletagem na contra a MP 905, as PECs 186, 187 e 188 e o Pacote de ajustes do Guedes.
12/02/2020 – Atividade no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados.
8/3/2020 – Reforçar o dia 8 de março, dia internacional das mulheres.
18/03/2020 – Indicativo de dia nacional de paralisação, mobilização, protestos e greves.
Indicativo às centrais sindicais a necessidade de discussão da realização de uma greve geral no país.
Não ao pacotão de Bolsonaro/Guedes que quer destruir os serviços públicos!
Pela vida das mulheres! Basta de violência machista e feminicídio!
Basta de racismo e genocídio da população negra, pobre e periférica!
Basta de lesbofobia, bifobia e transfobia! Criminalização da LGBTfobia já!
Pela revogação da EC 95, reforma da previdência e reforma trabalhista!
Por emprego e salário igual! Por creches públicas, gratuitas e de qualidade!
Contra a censura, pela cultura e pelo estado democrático de direito!